G-senjou no Maou – Mistério, um protagonista não-clichê e uma ótima heroína

G-senjou no Maou

(Aviso: Review livre de spoiler)

Classificação: 18+/All ages (Steam Version)
VNDB: 8.56   EGS: 85        Duração: 25 horas
Lançamento japonês: 2008
Premiações em 2008:
Getchu – 4° lugar VN do ano
– 3° lugar Enredo
– 9° lugar Sistema
– 17° lugar Arte
– 9° lugar Abertura
– 4° lugar Música Tema
– 3° lugar Trilha Sonora
– 1° lugar Personagem (Usami Haru)
– 2° lugar Dublagem: Kawashima Rino (Mizusawa Kei) como Usami Haru
– 4° lugar Dublagem: Houdentei Rappa (Fukuyama Jun) como Maou

Moe game award – 1° lugar VN do ano
– 1° lugar enredo
– 1° lugar arte
– 1° lugar usuários
– 2° lugar música tema

 

Introdução

G-senjou no Maou é uma Visual Novel produzida pela Akabei Soft2, com roteiro de Looseboy e arte de Alpha, uma combinação bem comum dentro da empresa. Looseboy é um autor já bem famoso no ramo, principalmente por ter escrito Sharin no Kuni e o próprio G-senjou no Maou, ambos contando com a ilustração do Alpha.

G-senjou no Maou é uma Visual Novel de suspense e mistério constantemente comparada com obras como Death Note, devido a seus combates psicológicos e um protagonista mais “Dark”. Alguns também o comparam como Code Geass pelos mesmos motivos, além de ter Maou, o principal antagonista que dá título à obra, dublado por ninguém menos que Fukuyama Jun, o dublador de Lelouch Lamperouge.

A obra possui tradução completa para inglês e tradução para português brasileiro em andamento. O último patch lançado continha tradução para 4 dos 5 capítulos e a última atualização do tradutor em 02 de julho dizia que no andamento que estava capítulo 5 seria lançado dia 27 de julho, mas essa é uma previsão mais brusca, então é provável que seja lançado um pouco depois. De qualquer forma, parece um bom momento para jogar, visto que a tradução completa deve ser lançada em breve.

 

Sinopse

A história é narrada por Azai Kyousuke, um garoto rico e fã de música clássica que vive duas vidas diferentes. Por um lado ele atende a escola e passa o tempo como um estudante normal junto a seus amigos. No entanto, Kyousuke é filho de um grande chefe da Yakuza e frequentemente ajuda seu pai com os negócios da família.

A vida de Kyousuke logo sofre uma grande mudança com a chegada de dois indivíduos na cidade. Usami Haru, uma estudante transferida extremamente inteligente e autointitulada “Herói”, que veio a cidade caçando um criminoso conhecido como “Maou”. Kyousuke logo recebe um e-mail com uma estranha mensagem, tendo apenas o remetente como “Maou”, que logo começa a realizar suas atividades dentro do território da sua família.

Dessa forma, Kyousuke e Haru começam a caçar o misterioso criminoso, cada um com a sua motivação. Planejamento, intriga política e camada sobre camada de armadilhas interligadas, são as armas neste épico duelo de mentes.

 

Mistério

A parte de mistério da obra funciona muito bem, realmente lembrando bastante obras como Death Note. Os combates mentais funcionam de uma forma mais agradável que os já mencionados Code Geass e Death Note, pelo fato de não utilizar recursos como “Eu sou tão inteligente que eu consigo ler a sua mente!”. Não me entendam errado, eu realmente gosto de Code Geass (não muito de Death Note…), mas por mais que muitos tentam negar, os quebra-cabeças são bem simples. Essas duas obras também fazem uso frequente de deduções sem explicações plausíveis e apenas passando como uma previsão.

Em G-senjou no Maou as coisas funcionam de forma bem explicada e podendo realmente gastar tempo com a apresentação e desenvolvimento dos mistérios, sem precisar ter uma limitação de caracteres como ocorre em anime e mangá. Como Visual Novel é algo mais semelhante a um livro, não precisa haver preocupação excessiva com o tamanho dos monólogos e informações.

Apesar do combate propriamente dito funcionar muito bem, a obra conta com alguns Deus Ex Machina, em especial mais pro final, que podem fazer alguns olharem torto.

Já os plot-twist funcionam bem em cada caso, principalmente pelo fato de haver algumas mudanças de perspectiva e narrador durante o jogo, que nos permite ver os monólogos de alguns personagens interessantes ou mesmo para ocultar outras coisas, atiçando assim a curiosidade do leitor. Mas podem sofrer alguns problemas em algumas revelações do enredo, devido justamente aos próprios Deus Ex Machina, que deixam algumas coisas muito convenientes.

 

Heroínas – Romance

Esse é um elemento um pouco complicado de discutir. Dentre as heroínas, sem sombra de dúvidas a que mais se destaca é a Haru, tanto pela personalidade carisma quanto pelo fato de ela estar diretamente envolvida na história. Já as heroínas secundárias não são personagens ruins, mas elas nas possuem características de ‘heroínas’. Elas funcionam MUITO bem como plot device e os problemas envolvidos com ela em cada capítulo desenvolve a história principal muito bem, mas é isso. Ao invés de “ótimas heroínas”, elas são “ótimos personagens secundários”, elas servem apenas como o “tema” dos arcos e criam a base do palco para que os personagens principais (isto é, Kyousuke, Haru, Maou e algumas vezes o Gonzou) executem seus papéis.

A obra é predominantemente um mistério e suspense, mas essas heroínas secundárias não são inteligentes o suficiente para de fato participar de forma ativa nesses eventos. Elas executam seus papéis de forma excelente, mas definitivamente não como ‘heroínas’ e sim como ‘personagens e plot device’. Um ponto negativo em tudo isso é que a única e melhor personagem secundária que podia ser muito bem trabalhada e tem todas as condições de atuar como heroína não possui rota. Estou falando da Tokita Yuki. Ela é inteligente e tem uma história interessante, além de participar com certa frequência nos eventos principais, mas a história dela acaba sendo comprimida dentro da rota da Mizuha e a common route.

Quanto ao romance, apesar dele estar presente, ele funciona mais de uma forma parecida com os personagens. Ele existe, mas muito mais para contar outra coisa, pra narrar algo diferente. Por isso que os bad endings são bons, pois ele utiliza o ‘romance’ para apresentar e desenvolver mais o lado psicológico do Kyousuke e os good ending também utiliza os romances para narrar outros elementos.

O romance da Haru, a heroína principal, provavelmente é mais interessante do que os outros, talvez não meramente como um romance propriamente dito, mas sim o relacionamento entre o Kyousuke e ela. Isso porque eles são rivais por lutarem por motivos bem diferentes e ao mesmo tempo aliados que caçam o Maou. Além disso, o Kyousuke é um personagem que frequentemente utiliza uma fachada, então mesmo com as outras heroínas, muitas vezes até mesmo nas rotas delas, acaba sendo por boa parte apenas o Kyousuke usando e manipulando os outros, o que pode dar uma ideia um pouco de falsidade nesse romance (apesar dessa fachada funcionar bem para a história em si). Já no caso da Haru, justamente pelo relacionamento deles ela frequentemente confronta e quebra essa fachada, o que cria um vínculo mais ‘verdadeiro’ entre os dois do que com outras heroínas.

 

Rotas, Narrativa e Estrutura

Agora vamos a um dos maiores problemas da obra, as rotas e suas estruturas. A história da G-senjou no Maou é dividida em 5 capítulos, cada um deles como um arco diferente e um foco em uma heroína específica, com exceção do primeiro que o capítulo introdutório. Em cada capítulo você tem a opção de entrar ou não na rota da heroína apresentada nele. Esse é um formato que eu pessoalmente gosto bastante porque você não precisa ler as rotas para ter um desenvolvimento de cada personagem. Eles são expostos e bem trabalhados mesmo na “linha principal” tornando até mesmo uma adaptação muito mais fácil e interessante, e a rota fica para quem tiver interesse em conhecer e se envolver mais com cada personagem.

O problema é que isso não funciona bem em G-senjou no Maou. As rotas são muito mal posicionadas dentro da narrativa, de forma que você basicamente interrompe a história principal para contar as rotas. Em muitos casos a história principal está em um momento bem agitado e interessante quando é completamente interrompido ao entrar na rota. Isso realmente mata o fluxo da narrativa, algo ainda mais forte em um thriller como G-senjou no Maou. É como se ele puxasse um adendo para contar as rotas secundárias e quando você termina, ele te joga de volta para aquele clímax, mas a agitação, sentimentos e animação do momento já se foram.

Então você pode pensar “então eu vou deixar pra fazer as rotas secundárias depois, jogar direto a história principal, mantendo o fluxo da história e problema resolvido”. A resposta pra isso é NÃO. Isso de fato vai manter o fluxo da história e eu aposto que o leitor vai aproveitar muito mais do que ficar parando em cada rota, mas o problema vem depois disso.

G-senjou no Maou é uma VN bem aclamada e apesar de muitos considerarem a trajetória incrível, o fator que faz muitas pessoas elogiarem a obra como uma das melhores VNs já feitas é o epilogo e o final. A proposta de deixar as rotas secundárias para depois significa deixar as partes mais medíocres da VN e com plot-holes para depois dos melhores e mais épicos momentos da obra. É bem normal que muitas pessoas costumem deixar o seu doce ou comida favorita por último quando vai comer porque no final das contas esse é o gosto que fica por último e por mais tempo na boca. Aqui é como comer o seu prato favorito e depois ter que tomar um suco horrível.

Comparando G-senjou no Maou com uma situação parecida é da recentemente anunciada terceira temporada de Code Geass. A segunda temporada já teve um final que satisfez a maioria dos fãs e muitos alegam como o melhor final de anime, fazendo com que uma terceira temporada tenha grandes chances de estragar o sucesso da anterior. Claro, as rotas secundárias de G-senjou no Maou não se passa depois do final da principal, elas se passam uma “linha de tempo” diferente, mas isso significa ignorar todos os eventos, desenvolvimentos e sentimentos expostos na rota principal apenas para jogar algo muito inferior. Isso é um ponto bem negativo até para as rotas secundárias que serão inevitavelmente comparadas a principal.

“Ok Ryuuji, então se jogar as rotas secundárias primeiro destrói o fluxo da história, e joga-las depois compromete o final e as próprias rotas secundárias, em que ordem eu deveria jogar?”. Para ser sincero, eu não sei responder perfeitamente essa pergunta e por isso eu digo que é um dos maiores problemas. Para aproveitar perfeitamente a rota principal é necessário ignorar as secundárias e não joga-las depois. Mas a maioria não vai gostar da ideia de deixar conteúdo para ser lido. Por isso, apesar de prejudicar o fluxo da história e visto que o epilogo/final é considerado o melhor momento de G-senjou no Maou, o máximo que eu posso dizer é para jogarem as rotas secundárias primeiro ou não joga-las de forma alguma. Felizmente a linha principal já desenvolve cada heroína em seu devido capítulo, sem precisar entrar nas rotas e esses por si só são mais interessantes que as rotas delas.

Assim sendo,
Ordem recomendada de rotas:
Opção 1
Tsubaki ⇒ Kanon ⇒ Mizuha ⇒ Haru

Opção 2
Tsubaki ⇒ Kanon ⇒ Mizuha ⇒ Haru (jogar apenas a da Haru)

 

Quanto à qualidade das rotas, elas não são horríveis, mais muito inferiores a Common Route e a Haru route. Elas possuem plot-holes e só podem se sustentar ignorando todos os eventos subsequentes da linha principal e é exatamente o que as rotas fazem. Isso é uma atitude normal em charage, em especial quando as rotas são escritas por autores diferentes, mas nenhum desses é o caso de G-senjou no Maou, mostrando apenas uma falha de direção e uma escrita amadora. A atmosfera das rotas secundárias é bem diferente da linha principal, não tem o mesmo elemento de thriller e mistério.

Como dito na parte sobre ‘heroínas’, as heroínas secundárias não possuem carisma ou história de um personagem principal, elas funcionam melhor como elementos para dar andamento ao plot e isso fica ainda mais visível quando o foco da história muda completamente para elas. O capítulo de cada heroína é muito mais interessante do que a rota em si.

O que a maioria das rotas secundárias fazem parecer é que o autor escreveu a rota principal primeiro e depois apenas adicionou as rotas secundárias pra fazer número. No entanto, elas não são horríveis e podem ser interessantes no caso de você desenvolver algum vínculo com as heroínas durante a common route. Outro ponto positivo nas rotas secundárias são, ironicamente, os bad endings. Isso porque esses finais trabalham e apresentam melhor o psicológico do Kyousuke, o seu lado podre e as influências que Azai Gonzou tem sobre ele.

Qualidade das rotas (pior ⇒ melhor) [Opinião do redator!!]:
Kanon ⇒ Mizuha ⇒ Tsubaki ⇒ Haru
(PS: O bad ending da Mizuha é provavelmente o melhor deles)

 

Música

O título G-senjou no Maou (The Devil on G-String / O Diabo na Corda Sol) é uma referência a G-senjou no Aria (Aria on the G-string / Aria na Corda Sol) de Bach. Durante o menu toca um arranjo da música, o que é bem interessante considerando a relação da música clássica com a obra.

A trilha sonora em si é boa, mas isso acaba sendo um ponto negativo pra obra, ou melhor, acaba intensificando algumas decepções. “Músicas” são usadas e conectadas a diversos personagens, desde enigmas do Maou, apresentações da Kanon ou o mais importante à relação que personagens como o Kyousuke e a Haru têm com a música. No entanto, isso acaba não sendo representado de uma forma física. Considerando o título da obra, a história e personalidade dos personagens, a obra ficou devendo uma grande “apresentação” dessa trilha sonora, com personagens tocando. No final das contas a trilha sonora acaba sendo apenas isso, uma ótima trilha sonora que não é apresentada na história da forma que deveria.

Bom, apesar de eu ter me decepcionado pela performance dos personagens com a música (o que daria um ótimo encerramento), as músicas do epílogo, em especial Hitomi wo Tojite (Close your eyes) não poderia ter encaixado melhor, criando a atmosfera perfeita para o final. Se o final de G-senjou Maou é elogiado por tantos, é preciso dar os devidos créditos a essa música. Toda vez que eu escuto ela consigo ver a VN inteira passando novamente na minha cabeça e muitas vezes fico com vontade de rejogar. Assim é fácil saber que eles acertaram em cheio.

Arte

A arte é algo complicado de comentar, pois ela é bem instável. Se em algumas CGs a obra apresenta uma arte belíssima, mesmo considerando os 9 anos desde o lançamento original, em outras há diversas falhas de proporção. O artista parece ter dificuldade em desenhar alguns tipos de personagens masculinos. A composição das CGs, no entanto são muito boas, com ótimos quadros, ângulos e zooms.

Apesar de haver alguns problemas de proporção aqui e ali, isso não chega a ser algo muito prejudicial à VN. O que mais me incomodou na verdade foram as vestimentas. A dobra das vestimentas muitas vezes fica bem estranha, mas parecendo que a roupa está molhada.

Essa cena tinha tudo para ser épica, mas a arte…

Essas cenas com esses quadros são sempre incríveis

 

H-scene

As H-scenes acabam indo pelo mesmo caminho das rotas, talvez pelo fato do aproveitamento delas estarem diretamente ligadas ao carisma das heroínas. As H-scenes da Haru continuam sendo as melhores e, na verdade, recomendaria que fosse jogado a versão 18+ mesmo, e não a all-ages. Em alguns casos as h-scenes são completamente dispensáveis, em outros elas ajudam a fortalecer e estabelecer a relação dos personagens. Lugar no qual se encaixa as h-scenes da Haru. No entanto, eu sei que alguns detestam esse tipo de coisa achando que desvaloriza a obra e outras são menores de idade, então eu recomendaria usar o “CTRL” ao invés da versão all-ages.

Personagens

 

Kyousuke é um personagem interessante pelo seu lado psicológico e a “fachada” que ele utiliza. Não sei o quão bom o personagem seria em uma mídia que precisa reduzir o número de monólogos, pois o contraste que você tem das intenções dele com o que ocorre ao redor que caracteriza o personagem. É bom também ver um personagem que foge a certos clichês de heróis, considerando a grande importância que ele dá para o dinheiro. A única crítica que eu tenho a fazer é que poderiam ter dado mais ênfase ao passado dele. O background do personagem é até mostrado, mas fragmentado no decorrer do jogo e seria melhor se fosse reapresentado completamente na integra ao final da novel.

Facilmente a melhor heroína do jogo. Obviamente por ser a heroína principal ela se envolve bastante com a parte de mistério e talvez seja um personagem que possamos comparar ao L de Death Note, visto que os dois são personagens com bastantes peculiaridades (o L tem as suas olheiras e a Haru o cabelo absurdamente grande) e que se comportam e interagem com outras pessoas de forma bem diferente. O relacionamento dela com o Kyousuke também é melhor das heroínas, com um misto de rivalidade, companheirismo e romance.

 

A Tsubaki é a garota ingênua que normalmente não teria porque se envolver com nenhum dos problemas da obra. Ela é confia fácil nas pessoas e faz aquele papel de “pessoa boazinha” ao extremo e o interessante disso tudo é ver o contraste enorme entre ela e o Kyousuke. Tsubaki acredita mais nos laços das pessoas e não dá grande importância ao dinheiro, enquanto o Kyousuke desconfia de todos e faz qualquer coisa para conseguir mais dinheiro. Apesar desses polos opostos, é justamente interessante ver como um tem influência sobre o outro.

 

Ela é a filha de sangue do Gonzou e é bem egoísta e egocêntrica. Há vários momentos de comédia com ela, mas eu considero a maioria deles apenas uma atitude de mau gosto e que me dá raiva. Em contrapartida, apesar dela em si não ser uma personagem engraçada (por mais que o autor parece ter tentado faze-la assim) o que é realmente engraçado são as reações do Eiichi e do Kyousuke em relação a ela e os momentos de fúria deles graças às ações insensíveis dela como sempre, então talvez essa raiva para com a personagem acabe bem direcionada no meu caso (já que você acaba por embarcar junto com os dois). Ela é uma das poucas pessoas que percebe a falsidade de Eiichi e muitas vezes acaba ferrando ele, além de tomar algumas atitudes bem revoltantes pra conseguir a atenção do Kyousuke.

 

A Mizuha em si não é uma personagem ruim, ela tem um design bacana e o capítulo dela surpreendentemente é engraçado, mas o grande problema é que ela é uma personagem bem anti-social, então ela demora pra engatar e o capítulo e rota dela acaba sendo meio que compartilhado com a da Yuki, então acaba por não ser muita coisa.

 

Sinceramente, a Yuki é provavelmente a personagem mais desperdiçada em G-senjou no Maou. Não é como a participação na obra fosse pequena e ela é uma personagem muito importante, ela de ter um papel mais ativo que as próprias heroínas secundárias (Tsubaki, Kanon e Mizuha). Mas justamente por isso, o fato dela não ter uma rota própria é uma grande decepção. O pior é que a personagem tem uma história bem interessante, mas que acaba sendo contada mais nas pressas junto com a da Mizuha. Eu provavelmente trocaria a rota das outras três por uma rota da Yuki sem problemas.

Ele é basicamente o alívio cômico da história. Apesar de tudo, as cenas de comédia com ele costumam ser disparado as melhores e inesperadamente funcionam muito bem mesmo quando colocadas em momentos mais tensos, criando um ótimo contraste. O relacionamento dele com o Kyousuke é bem divertido tanto de um lado cômico/slice of life como puramente uma amizade, visto que o Kyousuke está sempre fingindo com as pessoas ao seu redor, Eiichi talvez seja uma das poucas pessoas que ele realmente possa chamar de amigo.

Gonzou é um personagem bem carismático e que poderia muito bem fazer o papel de grande vilão se não fosse pela existência do Maou e o fato da história ser contada principalmente pelo ponto de vista do Kyousuke, o que faz do Gonzou em vários momentos mais um aliado do que um inimigo (apesar de ser o tipo de aliado que pode te devorar a qualquer momento). É muito bom o contraste com a aparência dele e o fato dele realmente ser muito inteligente, em diversos momentos superando até mesmo personagens como a Haru e o próprio Maou. O seu ar de liderança junto aos minions do seu grupo mafioso são muito empolgantes dentro da obra.

O grande vilão da obra. Se a Haru é uma personagem comparável ao L, talvez Maou seja em algum nível comparável com o Light, principalmente por ambos fazerem o papel de criminoso genial de rosto desconhecido, mas em termos de personalidade e motivações eles são bem diferentes. Ele é dublado pelo Fukuyama Jun, o mesmo dublador de Lelouch Lamperouge e talvez Maou seja mais comparável a ele em vários quesitos, com a exceção dele não se importar em envolver inocentes nos seus planos.

Ou melhor, é bem normal para ele fazer isso já que eles acabam sendo mais úteis. De qualquer forma, Maou é provavelmente um dos melhores personagens da obra e o único “problema” que posso apresentar é o fato de muitas vezes ele ser exageradamente OP, mas talvez por isso a existência do Gonzou seja importante, já que ele tem muito mais condições de vencer o Maou que qualquer um na série e consegue equilibrar as coisas.

Conclusão

Alguns problemas na direção, organização e apresentação das ideias, além de alguns Deus Ex Machina, podem atrapalhar um pouco o aproveitamento e incomodar alguns, mas G-senjou no Maou é sem sombra de duvidas uma obra prima em meio as visual novels, sendo indispensável para qualquer fã de mistério e combates psicológicos. Muitos ainda questionam o fato da obra não ter ganhado anime, e as chances de receber um no futuro são baixas considerando os 9 anos de lançamento da VN. No entanto, apesar de ser um pouco antiga, ela é um clássico recomendado tanto para aqueles que já jogam bastante visual novel quanto um completo novato no gênero.

Os interessados podem adquirir o patch em português em: http://zeroforcecentral.blogspot.com.br/ (A versão completa deve sair em breve, possivelmente mês que vem)
O patch em inglês foi removido depois do lançamento da versão oficial.
Se quiser adquirir esse patch procure na internet, não vou colocar links aqui.
A versão oficial da Sekai Project pode ser adquirida na steam no link a seguir: http://store.steampowered.com/app/377670/Gsenjou_no_Maou__The_Devil_on_GString/

Se eu tenho alguma reclamação para fazer sobre essa versão é o fato de terem alterado a resolução do original (4:3) para remover as barras laterais, transformando em 16:9, mas cortando parte das CGs:

Como tenho visto muitos perguntando sobre como ler uma visual novel, além de adquirir a versão original, existem gameplays de várias dela, então segue a minha recomendação da playlist com gameplay de G-senjou no Maou pelo PhantomZwei (um dos problemas de assistir gameplay de obras de mistério é que você pode acabar levando “spoiler” quando os jogadores então fazendo teorias e quebra a parte do próprio expectador/leitor fazer a dele, mas no caso do PhantomZwei ele já jogou a série; isso significa que não dá pra assistir esperando ver as reações dele, mas pode ser melhor assim, com menos comentários; essa não é a versão da steam e também vale lembrar que por ser um gameplay do youtube as H-scenes são cortadas):

PS: Demorou bastante para sair alguma review minha aqui, principalmente por estar ocupado demais para fazer um post desses, mas me esforcei bastante na produção dele, principalmente editando as imagens, então espero que gostem. Como meus textos são um pouco grandes estou tentando desenvolver algo que torne a leitura mais dinâmica sem a necessidade de cortar conteúdo e por isso criei o molde para personagens, então aceito sugestões de como melhorar o post. Obrigado e até a próxima.

Ryuuji Kei

Fã de anime, mangá, light novel, visual novel e amante de todos os gêneros. Redator do site Intoxianime e tradutor nas horas vagas. "Você não pode culpar alguém por ser fraco, mas pode culpa-lo por não tentar melhorar". "Mesmo se eu for odiado, mesmo se eu for desprezado, mesmo se eu for inútil! Eu quero provar que eu sou melhor que os personagens principais!"