[Review] Comyu – Fantasia urbana com monstros gigantes

Título Original: Coμ – Kuroi Ryuu to Yasashii Oukoku –

Desenvolvedora: Akatsuki Works

Ano de Lançamento: 2009

Duração: 30 a 50 horas

Traduzido: Sim (inglês, tem o prólogo traduzido para o português)

Sinopse:

Você joga como Akihito Mizuwa. Ele tem uma vida normal, com escola e trabalho de meio período, mas que é recheada de pessoas exóticas: desde a amiga de infância que tem facas de estimação e põe medo em todo mundo, até seu chefe muito suspeito, mas que sempre dá bons conselhos. Certo dia, ao ser atraído por uma voz misteriosa, ele se encontra com outras 4 pessoas desconhecidas e eles descobrem que agora podem invocar uma criatura (um dragão) e controlar ele, mas se a criatura for destruída os 5 morrerão!

Apesar de não ter nenhuma amizade ou confiança entre eles no começo, eles são forçados a lutarem contra outros grupos que estão na mesma situação que eles.

Comyu foi uma experiência bem diferente e interessante de se ter pela premissa que a Visual Novel traz. São 5 pessoas que nunca se viram na vida sendo colocadas em uma situação onde precisam depender do trabalho em equipe para sobreviver. O conceito geral da obra de invocar criaturas, chamadas de “Avatar”, para lutar (sendo controlado pelos 5 ao mesmo tempo), possibilita diversas situações imprevisíveis.

A história é um tanto sombria, a VN até costuma ter mais cenas durante a noite do que de dia. Ela chega a ser um tanto violenta em algumas partes, mas muito mais na parte escrita do que na parte visual. Carregada com uma atmosfera bem feita, a obra constrói um cenário de fantasia urbana bem diferenciada e cativante, até.

Ser forçado a cooperar com várias pessoas que você não conhece. Só quem passou por isso sabe como é.

Não é comum ver uma obra de ação com monstros metálicos “gigantes” que se passa nas ruas noturnas de uma cidade. E como os personagens não têm poderes especiais, além da invocação, existe sempre um senso de urgência nas batalhas. Dentro da história ainda existem alguns detalhes extras que intensificam ainda mais os combates, mas não vou entrar em detalhes sobre eles para não me prolongar muito.

Como era de se esperar, e eu acredito que seria algo bem recorrente em uma situação assim, os cinco protagonistas forçadamente reunidos são completamente distintos uns dos outros. Não só em idade, mas em crenças e pontos de vistas sobre o mundo, o que muitas vezes pode causar conflitos de ideais dentro do grupo, como pode ser visto brevemente no início da primeira abertura do jogo.

O protagonista principal, Akihito, normalmente é bastante cínico e afiado devido a um trauma psicológico do passado (como de costume). Graças a isso, em diversos momentos da Visual Novel, a narração costuma repetir constantemente certos trechos como representação da mente afetada dele. Embora não tenha sido um problema para mim, ainda pode incomodar alguns em ter que ler aquela mesma coisa tantas vezes.

Apesar de tudo ele ainda é rápido e frio nos julgamentos. E isso é influência do seu passado.

Os demais personagens também se destacam bastante, a Benio (aka “Heroína 1”) é meio tsundere com um forte senso de justiça. A personalidade e principalmente desenvolvimento dela funcionam bem por causa do cenário, muitas vezes sofrendo porque a realidade não trabalha como ela gostaria. As coisas ficam mais graves já que no grupo também tem o Izawa, que é basicamente um criminoso famoso e bem mau humorado.

Por fim a Haru, que é uma maid, sempre evita os embates ideológicos e só visa sobreviver, muitas vezes não sendo alguém que possam contar nesse tipo de situação. E a Mayuki, que é a loli do grupo, e por ser a mais jovem, acaba em uma posição bem delicada ali. Muito embora ela consiga mascarar seus sentimentos com humor e mentiras.

Existem outros personagens muito relevantes que valeria a pena mencionar (sendo que os 3 melhores, na minha opinião, nem estão entre os 5 da equipe haha), mas estenderia demais a review sem realmente passar as informações mais necessárias.

Gasai é um antagonista muito bom. Suas participações sempre causam um impacto na direção da história.

Apesar das diferenças e brigas internas, na hora do aperto (frequente) eles conseguem dar um jeito de “se ajudar” nas batalhas, aos poucos encontrando suas próprias funções no controle do Avatar. Graças a tudo que já falei acima, muitas lutas na obra são bem impactantes e conseguem te deixar bem ansioso (uma ou duas em especial, para mim ao menos, me fez ficar tão tenso que se alguém me encostasse na hora provavelmente acharia que eu tinha virado pedra).

Comyu é também uma obra que consegue trabalhar bem o impacto dramático, tanto que na época fiquei relativamente emocionado em uma certa cena. Em outra eu fiquei meio chocado e deprimido, ao menos nesse ponto acertaram bem haha. No entanto, um dos pontos fracos acaba sendo o romance, que é normalmente mal construído e um tanto forçado. Se o seu Ship Power for alto talvez você consiga ignorar, mas no meu caso foi um aspecto da VN que eu nunca consegui me importar. O que é péssimo, considerando que tem 5 rotas.

O sistema do jogo é curioso. Terão 5 diferentes rotas para você seguir, sendo que uma delas tem dois finais diferentes. No entanto, você é obrigado a seguir uma ordem específica que o jogo te dá (o que pode ser frustrante caso não esteja gostando), e tem um motivo pra isso que é relacionado a última rota (True Route).

Cada uma das quatro primeiras rotas te fornece informações e experiências específicas que, de certa forma, se conectarão na rota final. Assim, na primeira vez que jogar não terá muitas escolhas, mas conforme vai terminando as rotas, novas escolhas são desbloqueadas. Felizmente, o próprio jogo tem uma opção de pular as cenas até a próxima escolha, então é tranquilo rejogar.

Imaginem um desses correndo atrás de você na cidade, enquanto aparentemente ninguém percebe o monstro?

A arte da Visual Novel é bem feita e bonita, não é algo excepcional, mas acho que dá pra considerar um dos pontos fortes, ainda mais considerando que é algo de 8 anos atrás. A trilha sonora ajuda na atmosfera, tanto nos momentos mais tranquilos, quanto no suspense e na ação. Também não é algo que se sobressaia, a grande maioria das músicas do jogo não são memoráveis (exceto as openings, e as insert songs que são ótimas) , mas definitivamente auxilia sim.

As cenas de sexo possuem altos e baixos, algumas delas são relevantes para os personagens, sendo que umas tem até um tom mais humorístico que a deixa engraçado (ou não), enquanto outras possuem um clima de bastante desconforto que pode incomodar (ou não²). E claro, algumas são simplesmente desnecessárias mesmo. Alguns casos assim são prejudiciais, pois podem descaracterizar o que foi construído de um personagem só pra jogar uma cena de sexo na obra (o que, no caso, acontece).

Por fim, a história é realmente muito boa e bem trabalhada. Se você se permitir fazer todas as rotas na ordem, no fim das contas acaba valendo a pena a jornada. Além de ser relativamente complexa e com alguns plot twists bem legais, algo que gosto de ver – de vez em quando – é a mudança de perspectiva que ocorre algumas vezes.

Alguém quer palpitar o que eles estavam vendo?

Pode parecer meio longa, mas tendo 5 diferentes rotas, com diferentes mistérios e um bom número de escolhas, acredito que não será um problema muito grande.

Avaliação:

Roteiro: 8.5/10

Personagens: 8.5/10

Trilha Sonora: 7.5/10

Arte: 8/10

Gameplay: 8/10

Entretenimento: 9/10

Nota Final: 8.25/10

Testarossa

Escritor amador, fã de animes, mangás, light novels, visual novels e outras coisas da cultura japonesa. "Nunca tenha certeza de nada, por que a sabedoria começa com a dúvida."