Re:Creators #11 e #12 -Impressões Semanais

Re:Creators teve novamente uma pausa na ação para se focar no passado de Sota e Setsuna. O que já estava na hora de acontecer, já que o roteiro não poderia ficar apenas na suposição sobre algo que aparentemente era relevante para resolver certos problemas na história.

No entanto eu gosto mais quando estas revelações são entregues progressivamente, parte por parte do que reveladas em um único instante. Afinal, o passado de um personagem pode ser uma arma fabulosa para surpreender se bem arquitetada dentro de um roteiro.

Um exemplo disso são as reviravoltas em Pandora Hearths, que é uma obra que sabe muito bem utilizar o passado dos personagens para te pegar de surpresa e muitas coisas são deixadas ocultas e reveladas apenas próximo ao final.

Sendo que essas revelações descobertas em determinados momentos da trama mudavam totalmente o contexto do que estava sendo mostrado. As coisas não eram o que aparentavam ser e isto que prendia o leitor.

Em Re:Creators a trama envolvendo Setsuna e Sota era o que sinceramente mais despertava curiosidade no público. Contudo, agora que o mistério envolta desses personagens foi solucionado, o roteirista  vai precisar ser criativo para prender as pessoas a trama.

E ser criativo não é apenas trazer personagens que supostamente vão ser “o counter” do elenco apresentado. O que não é uma ideia ruim, mas torna as coisas na minha opinião apenas um battle royale.

Além disso, quando a produção do anime soltou que teriam novos personagens na série, já esperava que eles seriam personagens bastante relevantes entre o elenco principal das obras apresentadas, então não foi algo inesperado.

O protagonista masculino da historia de Selesia? Sinceramente já esperava isto.

Então quando você revela tanto quanto o que foi passado nestes dois episódio, supostamente é porque esta preparando uma caixinha com algo que vai causar algum evento inesperado ou impactante em determinado momento da história.

Se não ter este algo mais surpreendente no roteiro, acho que o roteirista desperdiçou uma boa ideia já que poderia trabalhar mais as coisas em volta do passado dessas duas personagens e apresentá-las de uma forma mais interessante para o público.

Outro problema que vejo no roteiro é a participação do Sota. Ele é apresentado realmente como apenas o amigo da criadora de Altair e não tem quase relevância nenhuma em nada do que ocorre no anime. Se ele morresse agora na trama, não mudaria nada.

Isto porque nem envolvimento concreto ele teve na criação da vilã, como eu estava supondo. Foi apenas um espectador dos eventos para o surgimento da Altair do inicio ao fim.Ele não avisou que seria só um espectador? Sim, mas o roteirista não precisava levar isto tanto para o literal.

Não faz sentido criar um protagonista super expressivo, mas que não desperta carisma nenhum no público porque na maioria do tempo é apenas uma pessoa que fica se remoendo com o passado.

O engraçado é que ele praticamente levou um sermão sobre isto em dois episódios seguidos, um da Meteora, outro do garoto do mecha para tomar a decisão de agir e parar com o coitadismo pessoal.

E o Kanoya estava certíssimo: não adianta você só ficar se lamentando todo arrependido, o personagem não tem uma máquina do tempo no bolso para mudar o passado e ficar todo impotente por causa da culpa só piora as coisas já que você não vai fazer nada no presente também.

A questão não é você tentar esquecer o que fez como o Sota estava tentando fazer ao apagar seus perfis da internet e os históricos de conversa com a Setsuna, é encarar a culpa sobre algo que poderia fazer e não fez por egoismo pessoal e seguir em frente. Como o Kanoya disse, criar é melhor do que ficar fazendo nada.

E diferente dos personagens fictícios, o Sota tem um mar de possibilidades e futuros , ou seja, poderia traçar o próprio destino, diferente da Selesia, Meteora, etc que estão presos a um roteiro determinado pelo seu criador.

O Sota deve gostar de tomar sermão, só pode

Além disso, o Sota ficar se culpando pela morte da amiga é praticamente exagerado. Do jeito que ele se portava, realmente dava para crer que ele havia feito algo muito errado e realmente causado diretamente a morte da garota.

Mas ele só tem culpa em se omitir e recusar ajudá-la, consentindo com o suicídio que ela cometeu. Omitir ajuda não é matar alguém? Em partes é já que você esta por decisão própria deixando a pessoa se enforcar sozinha, mas não te torna um assassino propriamente dito.

Agora falando em criadores, achei muito maneirismo do roteirista da Aliceteria acabar por fim sendo influenciada pelo discurso do Sota e soltando o criador dela. Foi legal? Foi já que finalmente ela se propôs a entender aquele mundo e o seu escritor.

Mas do jeito que ela estava ressentida com a  morte da Mamika e querendo um novo motivo para lutar, achei uma mudança rápida mesmo que ela tenha hesitado em deferir um golpe final na Selesia.

Além do discurso do Sota, ela também não poderia esta ponderando o que a Meteora disse até ali? Mas o roteirista optou para que esta mudança dela estivesse relacionada apenas ao discurso do garoto,ao meu ver, é tentar arranjar utilidade para o Sota.

E uma coisa que achei conveniente é a ideia da Meteora de criar um mundo entre o limite da realidade com “a fantasia” para aprisionar a Altair já que os poderes dela afetam o mundo e isto  seria possivel com um  crossover.

As explicações e mecanismo de funcionamento do mundo colocadas no roteiro acabam dando base para isto, mas acabei achando uma solução bastante forçada e milagrosa. Preferia sinceramente que a luta permanecesse no mundo real até o seu clímax e tivesse suas consequências.

Assim, o roteirista esta tirando o peso das ações dos personagens fictícios e aliviando a situação. Não gosto sinceramente quando acabam fazendo isto. Em geral, Re:Creators tem ideias legais, mas esta tendo algumas execuções que estão me desagradando e se prorrogando demais na narrativa, como ficar dois episódios focando no passado de Sota e Setsuna, quando acho que um episódio já seria suficiente.

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E você, que nota daria ao episódio?

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Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.