Dungeon Meshi – Uma aventura estranha que virou um mega hit no Japão

Essa obra foi uma surpresa e tanto para mim. Admito que a primeira vez que vi a capa desse mangá e li a sinopse, não me interessei.

Ver pessoas comendo em uma dungeon não parecia lá muito atrativo, e a arte, embora não seja ruim, está longe de ser um diferencial.

A criatividade e explicação para o sucesso da obra, no entanto, não estão nisso, mas em como ela tenta uma proposta original dentro de uma velha, a conhecida aventura em uma dungeon.

Mesmo que não pareça inicialmente, o autor está sim interessado em explorar diversos detalhes da construção daquele mundo, desenvolver os personagens, e ter uma história que, mesmo começando com casos episódicos de monstros virando comidas estranhas, tem um plot maior avançando a cada capítulo.

Já comentei um pouco sobre Dungeon Meshi no vídeo onde falei de 10 obras (mangás e light novels) com boas chances de ganhar anime (abaixo). E agora vou passar uma impressão mais completa.

 

Começamos a história com os personagens centrais batalhando contra um dragão. A irmã do protagonista é comida e todos são teleportados para fora da dungeon. Sem dinheiro e precisando voltar à dungeon para resgatar a irmã (é possível ressuscitar nesse mundo, desde que o corpo não tenha sido digerido), o personagem central decide usar dos animais e plantas da dungeon como fonte de alimentação.

Isso, no entanto, acaba se mostrando mais complexo do que ele imaginou. Ao menos até que encontram um anão especializado em culinária com monstros, que se junta ao grupo.

A história é essa, uma missão para salvar a irmã do protagonista nos andares mais profundos da dungeon, enquanto vão comendo das coisas mais esquisitas no caminho, com o auxilio do anão.

Parece sem graça, mas esse mangá não para de ser recomendado no Japão e está vendendo absurdos 500k por volume, com apenas 4 volumes publicados. Isso é o que SNK vendia antes do anime, e Boku Hero vende depois de já ter anime. Eu tinha que dar uma chance para saber o que tinha de tão legal na obra para ficar popular a esse ponto.

Uma proposta simples, mas bem diferente no gênero fantasia medieval.

Inicialmente vamos passando por casos episódicos enquanto eles avançam pra dentro da dungeon, com o anão tentando uma comida mais estranha que a outra.

Nessa parte a obra não me prendeu tanto, e fui lendo bem devagar. Mas com o tempo, fui me afeiçoando mais aos personagens, e me interessando mais pelos problemas que eles começavam a ter, mais precisamente a partir do 4º andar da dungeon, onde a coisa começa a complicar e o risco de falhar ou morrer começa a aparecer constantemente.

Esse é um detalhe interessante que você só nota com o tempo. O grupo de personagens centrais é bastante habilidoso, então os andares iniciais não são grande coisa para eles. Principalmente para o protagonista, que não decepciona quando coragem e criatividade são necessárias. Ele é particularmente engraçado com sua obsessão de querer experimentar tudo que vê em termos de criaturas e plantas.

As reações da elfa são geralmente hilárias.

A elfa do grupo, que é apaixonada por ele (não forçam romance ou coisa assim, é tudo bem sutil, mas bem óbvio também), dá graça à coisa toda, sempre achando bizarro aquela coisa de comer monstros, e constantemente avessa as maluquices do anão e do líder do grupo quanto a culinária.

O anão é outro que começa a parecer mais e mais simpático e engraçado com o tempo. É muito legal como a comédia funciona de forma natural na obra, sem querer forçar piadas o tempo todo, e muitas delas sendo sutis.

Para quem busca um pouco de tensão, a coisa só pega depois do capitulo 15, já que nada antes do 4º andar é um desafio real para o grupo. Até lá a comédia tem mais foco.

E por fim vem o reencontro com o dragão, com partes muito mais sérias e emocionantes do que eu esperava. E ele não acaba ali, com um claro gancho cheio de mistério, expandindo mais o mundo e prolongando a missão na dungeon.

Sim, tem partes sérias e tensas na história também.

O modo como a dungeon funciona é bem interessante também, inclusive as explicações para reviver as pessoas, algo que só é possível lá dentro (se morrer fora da dungeon não dá pra ressuscitar).

É uma história que eu não dava nada, mas que foi me cativando com o tempo e ficando mais interessante. Provando que sim, ainda podem aparecer ideias novas nesse mundo dos mangás, é só uma questão de esperar. Quem pensaria que uma obra de aventura em uma dungeon com forte foco em culinária de monstros poderia virar um mega sucesso?

Vale a pena dar uma olhada. Ou esperar o anime, que com certeza vai dar as caras em mais 1 ou 2 anos. O problema é um ponto de parada. Se for 1 cour, podem rushar até a luta contra o dragão, claramente o clímax mais forte da obra até agora. Mas o gancho para o próximo arco é forte demais para ser um fim de anime conclusivo. Talvez esperar mais uns capítulos para tentar um 2 cour seja uma ideia melhor…

Qualquer que seja sua escolha, fica a recomendação para quem busca algo novo, divertido e inesperadamente bem construído em termos de história.

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