Violet Evergarden – Impressões da Novel original e expectativas para o Anime

Curioso para o que esperar, não só da parte visual, mas da história de Violet Evergarden? Neste post decidi comentar um pouco sobre minhas impressões da novel vol. 1, assim como a expectativa para o anime.

Estúdios como Ufotable e Kyoto Animation sempre despertam minha atenção devido a qualidade técnica. Eu aprecio muito a arte de ilustrar (sejam cenários, character designs ou animações), e isso quase sempre me dá motivos para acompanhar, seja lá o que eles estejam fazendo, independente da qualidade da história, diga-se de passagem.

 

Evergarden surgiu com aquele PV lindo (acima), e uma sinopse bem interessante. A ideia de ver um autômato realizando serviços para diferentes pessoas, me deixou curioso para saber o que surgiria dessa ideia. A resposta para minha dúvida, foi bem mais interessante do que eu esperava.

Até o momento, foram traduzidos 5 dos 6 capítulos que formam o primeiro volume da novel, isso claro, significa que eu não li ele por completo. Entretanto, a partir do prólogo/1º capítulo, minha opinião já tinha sido formada, e na medida em que eu ia lendo, só ficava ainda mais forte essa sensação.

Um conto simples.

Dentre as coisas que mais me surpreendeu, foi descobrir que, em essência, Violet Evergarden não é uma light novel. Os elementos do gênero estão ali (como ilustrações, uma boa quantidade de diálogos, e uma forma simples de escrever), porém, na prática, funciona mais como um livro.

A forma como os cenários são descritos, o jeito como o autor vai aos poucos construindo o cotidiano dos personagens, faz parecer como se ele tivesse pensando na história para ser animada. Apenas pela ambientação apresentado nos PVs você consegue imaginar perfeitamente as cenas.

O comportamento da Violet, que se assemelha a uma boneca, o clima de época, com um leve toque steampunk, e o drama. Talvez seja esse o ponto em que mais surpreendeu, e me cativou enquanto lia. Minha visão pela sinopse e PV, era de algo simples, com ares de fantasia. Apenas uma história leve, sobre uma garota realizando tarefas para outras pessoas.

Mas não foi assim. A história de Violet Evergarden é pesada, não diria que chega a níveis exorbitantes, mas ela é sim muito pesada. A abordagem sobre morte/existência é tão sutil que se torna cativante.

Essa cena animada… não tem nem o que falar.

Seja pelo ponto de vista dos clientes, ou pela própria Violet, a todo momento a história te faz pensar sobre questões simples que passam batido.

O apego por parentes que se foram, o medo de perder alguém precioso, o terror de perceber que está prestes a morrer, a vontade de encontrar um objetivo maior em tudo isso, e a minha preferida… a questão da existência por si só.

Se os meus textos não deixaram isto claro até agora, eu tenho que dizer que sou uma pessoa existencialista (pode chamar de filosofo de boteco, se preferir).

Eu adoro entender pontos de vistas, pensamentos, e conceitos que normalmente não são o meu, e a leitura de Evergarden me entregou isso através das sutis memórias de uma boneca, de uma auto-memories-doll.

 

Violet é a protagonista da novel, mas não é o destaque da maioria das histórias. Ela é apenas uma ouvinte, a ferramenta contratada para armazenar as memórias, ou documentos importantes, dos seus clientes.

Porém, é justamente aqui que o enredo brilha. A existência dela é um charme, Violet não se comunica abertamente, e responde a tudo como uma simples empregada, ela não conhece conceitos chaves dos sentimentos, como amor ou raiva, e é essa ausência de humanidade que vai, aos poucos, te fazendo ficar interessado no passado dela.

Violet é uma existência pura, tão pura que mesmo você lendo sobre pedaços da sua origem, você não consegue atribuir essas características a ela, graças ao fato da história se construir gradativamente sobre a sua personalidade fantasiosa que ela carrega, literalmente assumindo o posto de uma mera boneca.

Ela não é apenas uma máquina de escrever que visitas pessoas.

Mesmo lendo apenas 5 capítulos, foi extremamente gratificante acompanhar a novel (justificando bem o motivo da história ter sido a primeira a ganhar o prêmio da KyoAni). Sem contar que me tirou uma das mais importantes dúvidas que tinha.

O anime não aparenta ser outro Musaigen no Phantom criado apenas para promover a novel, isso até pode acontecer, mas o primeiro PV é basicamente a sequência cronológica do volume 1. Reassistir ele depois de ler me fez até arrepiar porque está tudo ali. A essência de cada um dos contos foi mostrada perfeitamente, e da maneira que eu imaginava.

Eu sei que ainda é cedo para deduzir algo (até porquê, eu não sou um viajante do tempo), mas as minhas expectativas sobre a obra aumentaram bastante. Nem mesmo o fator “arte” é algo que define ela para mim no momento. Se conseguirem recontar bem a história, nem que seja apenas o primeiro volume, já vai valer muito a pena acompanhar.

Nota: Caso sintam interesse de lerem a novel (em inglês), basta pesquisar no Google por Dennou-translation, não é difícil encontrar, e vem com outras ilustrações, além das que estão acima.

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Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.