Sakurada Reset #05 – A Pureza de Mediocridade | Impressões Semanais

A forma mais prática de definir esse episódio, é dizer que ele é uma mistura entre Monogatari Series e Hyuoka. Pode não conseguir alcançar a qualidade em nenhum dos extremos, mas isso não significa que seja ruim.

O episódio entrega um mistério simples sobre o cotidiano de uma aluna, e a resolução dele vai se construindo pouco a pouco sobre a personalidade da garota, até entregar uma conclusão aos moldes de Bakemonogatari (caranguejo do peso, caracol perdido), com um leve toque crítico sobre o comportamento humano de tentar fugir dos problemas.

“… Uma pessoa inteligente provavelmente não viveria apenas para encontrar coisas puras…”

Diálogos  como os da imagem acima são extremamente gratificantes. Se um anime quer ganhar pontos comigo, basta me fazer pensar “fora da caixa”. Expressar pontos de vista de forma simples e bem trabalhados me diverte muito, e no caso desse episódio, isso funciona bem.

Só faltou um óculos para o kit representante de classe.

Sera Sawako, uma aspirante a Tsubasa-san? Ela é rígida sobre regras, não somente para si, mas para todas as pessoas à sua volta. Ela nunca falta às aulas, sempre segue as coisas à risca e mantém um bom comportamento, tudo isso para alcançar a pureza que tanto deseja.

Graças ao que sua professora falou no ensino fundamental, Sera criou uma obsessão por “coisa puras”, ou levando a palavra japonesa um pouco mais ao pé da letra: coisa belas.

O intuito da professara era dizer que, desde que você tenha o conceito de pureza/beleza, fica simples encontrar o mesmo em coisas normais. Essa ideia é algo que eu tento carregar comigo já faz um tempo por acreditar que realmente seja verdade.

Às vezes ficamos tão preocupados em encontrar coisas de conteúdo, que nem damos atenção ao conteúdo que as coisas têm. Você não precisa ler Clarice Lispector para entender críticas sociais, ou o modo como a vida funcionada. Se você tem o conceito definido, coisas simples, como o propósito de uma bula de remédio, podem te fazer pensar sobre muitas coisas.

Para se curar você precisa estar disposto a arriscar alguns efeitos “colaterais”. É aquela questão de 10-10, a querida troca equivalente.

Porém, a Sera acaba levando isso para outros níveis, moldando sua vida em cima da procura por coisas puras. E esse comportamento, claro, acaba trazendo problemas para ela.

Continuar “resetando” nos mesmos gostos, só para não ver os “choros”, ou tentar entender eles?

Tudo em excesso incomoda. Ironicamente, coisas boas são ainda mais incomodas. Enquanto que é fácil sobressair sobre os defeitos de alguém, o mesmo não acontece com qualidades, pois elas vão no sentido oposto.

Notar a maldade nos outros reforça o seu lado bom, mas quando você nota a bondade em excesso, é você quem “afunda”, você é quem está abaixo do esperado.

Como se estivesse se vendo em um reflexo invertido.

Isso pode soar como exagero filosófico, mas eu gosto de pensar nessas nuances que a história pode ter. As entrelinhas são partes importantes em mistérios, e quando o roteiro tem um ar mais “crítico” como Sakurada tenta ter, isso gera um bom peso para o desenvolvimento da história.

O Kei, por exemplo, ganharia um bom contraste se você aplicar a ideia à sua personalidade. Ele é tão bom que chega a ser um incomodo, tão certo que parece estar fazendo tudo errado. E por mais que a grande maioria não conseguiria chegar ao extremo que ele chegou, de maneira alguma ele deixou de fazer o “certo” .

Uma bondade pura, ou pura hipocrisia?

Isso não justifica a falta de carisma dele. Na verdade, esse ainda é um dos pontos mais fracos do anime até agora. Falta um bom motivo para tanto ele, quanto a Haruki, estarem ali.

Diferente dos protagonistas das duas séries que citei no começo, Kei não tem um motivo para agir, senão o de reforçar o fato dele fazer o bem por fazer. Ele não ganha melhorias no seu personagens, e as influências dele sobre os outros são apenas “ok”.

Parece que qualquer um poderia ficar no lugar dele se não fosse pela sua memória impecável. No caso da Haruki então, fica ainda mais complicado, no inicio era divertido ver a mudança de personalidade dela, mas já ficou repetitivo, e a sensação que fica é a de que ela tá ali literalmente para dizer “reset” e pronto.

Bem… ela realmente está ali só para fazer isso, mas poderia fazer um pouco mais de peso.

Por mais que o anime não pareça ter muito interesse em trabalhar bem o desenvolvimento dos personagens, esse último episódio foi divertido de assistir. Ele não se esforça para trazer algo impactante como o da semana passada, mas o fato dele ser mediano é o que deixa tudo com uma cara boa. Veremos o que o próximo trará.

Ps: Eu não sei se foi atraso no cronograma ou realmente escolha dos produtores, mas esse episódio deveria ter sido o 3º e não o 5º, tanto temporalmente falando, quando para evitar confusões desnecessárias sobre o enredo.

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E você, que nota daria ao episódio?

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Extra

Chega a ser um desperdício só um episódio para uma personagem com personalidade tão legal de comentar…

… Além dela ser “fofinha”.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.