Grimoire of Zero #06 – Impressões Semanais

Criação de história é um trabalho árduo, não pensem que é fácil , demanda muito tempo em revisões e mais revisões para que o autor possa produzir algo que cative o seu público, e para que esse autor prenda as pessoas em sua narrativa, requer-se o uso de algumas regrinhas básicas de escrita, uma delas é gerar expectativa e emoção no que está sendo contado ou seus leitores te abandonarão.

A história não precisa ser cheia de ação, mas precisa ter pequenos clímax e acontecimentos que gerem embates, intrigas ou surpreendam em algum momento.

Infelizmente, hoje em dia ou você cativa seu publico logo de cara ou não vende, é a regra dos 10%, você não conquista os leitores com as 300 páginas do seu livro, mas com as primeiras 30 páginas.

E esse é o problema de Grimoire Zero, a história não cria expectativa. É extremamente lenta e na maioria do tempo preenchida apenas por bate-papo. É legal você guardar algum tempo para desenvolver a relação das suas personagens, mas também tem que gerar tensão e criar desafios para os protagonistas.

Se a história não entrega isso, não faz sentido você estar contando algo, basicamente até quando você narra um caso bobo para os amigos, o natural é criar um clima para fazer com que eles riam ou se sobressaltarem com algo inesperado.

E qual foi a minha expressão quando chegou-se ao desfecho do episódio anterior “em pizza”? Pura e total descrença, porque o gancho não serve de nada… se quando o que deveria ser um embate entre dois colossos, é solucionado de maneira fácil (à la Tales) ou pior, transformado em uma conversa entre “amigos”, um “vamos bater um rango”.

Minha reação (do Albus) a pausa para o jantar no meio da batalha.

O que admito foi até criativo, mas muito anticlimático. Mesmo que a intenção do autor fosse criar um momento cômico, ele deveria se manter pé no chão, refletir se a cena iria condizer ou não com a situação, o que infelizmente não foi o caso.

No mais esse episódio só serviu para apresentar o antagonista, Treze. Que sem dúvidas eu cogito que seja mais do que um mero espectador do massacre dos bruxos na caverna.

Simplesmente porque é muito conveniente ele ter saído para procurar o grimório e ficado como feiticeiro do Estado. Ou até tenha sido, mas ele não tem cara de alguém que só ficar vendo a festa pra depois agir.

Como a protagonista disse: o bruxo não é alguém em quê se possa confiar, por ser um semeador da discórdia, planta a dúvida para causar o medo ou desestabilizar psicologicamente uma pessoa.

A maneira dele de persuadir é uma das mais eficazes e tradicionais, apontando algumas verdades, mas apenas para se justificar enquanto omite seus próprios interesses.

Além de ter uma visível obsessão com a Zero, o que eu já expus na review anterior, ser uma rivalidade nada sadia beirando a inveja e o ódio junto com o desejo, talvez de possuir e controlar.

Ele tem muito interesse nas artes dela, afinal, está querendo o grimório da bruxa para si (alguém acha que ele vai devolver?), mas claramente pela postura que ele tomou nesse episódio, não duvido que queimasse a compatriota em uma fogueira se isso o beneficiasse.

Por que ele ainda não o faz? Provavelmente pela inteligência e as habilidades mágicas da Zero, ela não confia totalmente nele; e os níveis de conhecimento e magia dos dois parecem iguais, então isso torna mais difícil ele manipulá-la ou roubar o poder dela, sendo o mais viável realmente fazer com que ela, por vontade própria, se exile do mundo de novo.

Tradução: Não, obrigada, mais fácil confiar no capeta.

E que melhor maneira para tornar a tarefa da pessoa mais árdua ao ponto de fazer com que ela desista do seu objetivo, do que separar os seus aliados? Uma formula bastante comum, mas eficiente, aplicável à jornada do herói.

O grupo se dissolver para se encontrar novamente em determinado momento, está presente na maioria das histórias que você lê ou vê por aí, e também pode ocorrer uma ou mais vezes durante o percurso épico para derrotar o “mal”.

O problema não é você aplicar uma formula já usada trocentas vezes no universo fantástico, mas a maneira que você acaba inserindo-a em sua narrativa. No caso de Grimoire of Zero, a direção não dá impacto e a emoção devidas ao evento, o que acaba gerando as famosas narrativas insossas, maçantes e previsíveis.

O mercenário sendo dispensado após acabar causando a sua ruptura com a Zero poderia ser mais tocante se arranjada com uma trilha sonora um pouco mais triste ou melancólico e com o ajuste de alguns quadros focando realmente as expressões dos personagens, coisa que foi pouco utilizada nessa cena e de maneira muito mecanizada.

Então a história, ao meu ver não conseguiu entregar o que prometia, e apesar de ser algo com uma narrativa até que divertida, não tem profundidade e emoção alguma.

Os personagens e os problemas ainda são trabalhados de forma muito superficial e não há realmente aquele sentimento de perigo e entrave no meio do caminho, que faz o público ficar vidrado, colado na tela, e olha que já estamos no sexto episódio, uma decepção total.

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E você, que nota daria ao episódio?

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Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.