Dragon’s Crown – Um belo retorno ao gênero Beat’em Up | Review

 

Desenvolvedora: Vanillaware

Publicadora: Atlus

Gênero: Beat’em up/RPG

Data de lançamento: 25/07/2013 (Japão) – 06/08/2013 (América)

Plataformas: Playstation Vita e Playstation 3

Número Máximo de Jogadores: 04

Quem leu minha ultima análise aqui, de Nioh, pôde observar que afirmei que existem jogos que despertam nosso interesse assim que nos deparamos com eles. Já Dragon’s Crown é um jogo que sofreu exatamente pelo oposto, com boa parte de potenciais jogadores duvidando de sua qualidade, principalmente aqui no ocidente, onde foi muito criticado pela excessiva sexualização das personagens, dando uma falsa impressão de que o jogo não oferecia muito mais do que isso. Mas a verdade é que o jogo vai muito além.

Dragon’s Crown é um jogo beat’em up, em perspectiva bidimensional side-scrolling com elementos de RPG, nos moldes dos tradicionais games da geração 8/16 bits, com forte influência de jogos dessa época como Golden Axe e, principalmente, Dungeons & Dragons.

O jogo se passa no reino de Hydeland, o mesmo de GrimGrimoire e Odin Sphere (jogos da mesma desenvolvedora) porém sem conexões relevantes com esses jogos. O enredo foca na relíquia que dá nome ao jogo e que teria o poder de controlar dragões.

O jogador assume o papel do personagem de uma das 6 classes disponíveis (elfo arqueira, mago, feiticeira, guerreiro, amazona e anão) e deve passar por cenários diferentes a fim de encontrar a lendária relíquia, antes que ela caia em mãos erradas, bem como o rei, que em busca da relíquia para proteger seu reino, desapareceu.

Os seis personagens jogáveis.

A história é contada através de um narrador, que vai informando os acontecimentos conforme progredimos. É um elemento bastante interessante, pois passa a impressão ao jogador de estar lendo um conto de aventuras ou lembrando um mestre de RPG de mesa.

Contudo, Dragon’s Crown não dá muita ênfase para o enredo, deixando-o em segundo plano. Mas não quer dizer que seja ruim, ele mantém uma linha lógica e ainda existem alguns plot twists que tornam o jogo mais interessante, mesmo que ainda esteja longe de ser algo grandioso.

A verdade é que a história é posta em segundo plano, o foco do jogo é sua jogabilidade fluida e frenética, tendo o enredo como pano de fundo que mantém o jogador focado na aventura.

Os seis personagens disponíveis trazem estilos bem variados de jogabilidade, com suas próprias árvores de habilidades. Assim, cada personagem é único, trazendo muita variedade aos combates. As diferenças de mecânica entre cada um deles é tão grande que leva uma considerável quantidade de tempo para que se aprenda a jogar com todos.

Os equipamentos também são específicos para cada classe e, juntamente com as habilidades, fazem com que não só os personagens sejam diferentes entre si, mas também que cada um possa ser jogado de diferentes formas. Há uma limitada quantidade de pontos para se gastar com as habilidades, forçando o jogador a pensar bem em como moldar seu personagem. Assim, o jogador pode também optar por criar várias versões únicas de um mesmo personagem.

A mecânica dos controles dos personagens responde bem, há bastante precisão e agilidade nos movimentos, dando muita fluidez e garantindo a diversão. Os combates exigem abordagens diferentes dependendo do inimigo, que variam muito em cada cenário. Ao fim das fases, há as lutas com os chefes, bem desafiadores e que exigem estratégias únicas, se diferenciando muito um dos outros.

O jogo possui apenas nove cenários, levando cerca de 8 a 10 horas para ser finalizado, caso ignore as side quests. A princípio, dá à impressão de ser pouco e que força o jogador a ficar repetindo os mesmos cenários, no início, para conseguir evoluir e encarar os desafios do próximo. De fato é um pouco repetitivo, mas uma grande quantidade de caminhos alternativos e segredos, juntamente com as side quests amenizam esta sensação.

Porém, é justamente quando terminamos o jogo pela primeira vez, que o jogo brilha de verdade, trazendo muitos elementos a mais. É liberado o modo multiplayer, com até 4 jogadores em cooperativo, acrescenta-se uma nova rota para cada fase, e a dificuldade é maior, com inimigos mais fortes e aumentando o nível máximo que os personagens podem alcançar. Também torna possível jogar as fases de modo aleatório ou em sequência de uma para outra.

Dragon’s Crown definitivamente foi criado para ter sua campanha concluída inúmeras vezes, sendo cada nova vez mais desafiadora que a anterior e permitindo que o jogador experimente várias abordagens diferentes. O fator diversão está muito presente e apesar de parecer repetitivo, as opções de classes, caminhos alternativos, aumento no nível de desafios e jogatina online garantem que o jogador continuará entretido por bastante tempo. É uma pena que se tenha que progredir tanto para enfim desbloquear o modo multiplayer.

O modo cooperativo com 4 jogadores pode ser muito divertido, mas alguns combates se tornam um tanto caóticos e há muita informação na tela ao mesmo tempo, levando um pouco de tempo para se acostumar com a bagunça visual.

Há também a possibilidade de ter um personagem controlado pela inteligência artificial fazendo a função de companheiro na jornada. Para adquirir esses companheiros, basta encontrar e coletar esqueletos pelas fases, que seriam aventureiros que morreram em suas jornadas, mas que podem ser ressuscitados na Igreja da cidade. O grande problema é que a inteligência artificial é bastante falha, os personagens controlados por ela, tomam, diversas vezes, atitudes estúpidas e têm o infeliz hábito de cair em todas as armadilhas espalhadas pelo cenário.

Se a jogabilidade já é ótima, é na direção de arte que Dragon’s Crown mais se destaca. Apesar de ter gerado certa polêmica, sobretudo aqui no ocidente, por seus personagens completamente exagerados, com a maioria das personagens femininas sexualizadas e os masculinos completamente musculosos, fazendo jogadores terem até uma impressão errada sobre o jogo, a arte e gráficos do jogo são belíssimos.

O visual é deslumbrante, uma mistura de estilo anime com cenários que parecem pinturas a óleo. Fica claro que houve muita dedicação técnica por parte da desenvolvedora para cria uma arte rica e detalhada, que se torna ainda mais bela com a movimentação fluida pelos cenários.

É possível ver uma atenção especial no design dos chefes, todos bem trabalhados. Alias, tanto os chefes como alguns cenários possuem diversas referencias, desde Monty Python à elementos bíblicos como a torre de Babel.

Complementando o destaque artístico do jogo, a trilha sonora é belíssima e combina perfeitamente com os ambientes e clima medieval.

Os cenários são verdadeiras obras de arte.

Dragon’s Crown é um jogo que traz de volta, com muita qualidade, a sensação nostálgica dos beat’ em up das gerações passadas, oferecendo um sistema de combate bem equilibrado e diversificado, cenários belíssimos e um fator diversão que faz muitos jogadores quererem explorar tudo o que o jogo tem a proporcionar. Ainda que não seja um jogo perfeito, Dragon’s Crown prova que o gênero ainda tem muito a oferecer.

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