Lobo Solitário – Um Assassino e seu Filho em um Clássico Histórico Realista

A publicação de um clássico dos anos 70 em papel offset e um volume 1 de 300 páginas (imagino se estão juntando 2 volumes em 1…..) não é algo que se vê todo dia no Brasil. E só pela novidade relativa a idade da obra fui atraído a leitura. Como é um mangá dos anos 70?

Panini anda me enviando vários mangás, mas por azar ou não a maioria deles não me atraiu a ponto de querer escrever algo a respeito. Esse foi o primeiro a chamar mais a minha atenção, mesmo que eu não vá tecer só elogios sobre.

Na história acompanhamos um “assassino de aluguel” e seu filho de 3 anos, viajando pelo japão atrás de trabalho.

Tenho um certo desinteresse pela cultura histórica japonesa, então em termos de ambientação não foi uma leitura das mais prazerosas, ainda mais por esse ser mais realista que o normal. Nada de mulheres lindas, peitões, olhos grandes ou cabelos shounen (aquelas que parecem fisicamente impossíveis), aqui tudo tende para um realismo bem grande na parte visual. Pessoas com aparência suja, cabelo da época e mulheres que realmente parecem japonesas. Para quem já leu o shounen Kurouni Kenshin por exemplo, vai notar uma diferença brutal.

 

Falando em mulheres é uma obra para Maiores de 18, então vale avisar que tem sexo umas 2x no volume 1. Nada explicito o bastante para precisar de mosaico, mas está lá (exemplo acima).

O melhor da história acaba sendo o protagonista, sempre inteligente, frio e habilidoso nos seus assassinatos pagos. O problema pra mim acabou sendo na falta de desafio na vida dele (até agora).

Não importa o caso de assassinato, ele sempre tem contra medidas para coisas inesperadas, e não importa o inimigo, sempre morre em pouco segundos. Um pensamento engraçado me passou pela cabeça enquanto lia “esse é o Mahoukadude dos anos 70? Ninguém aguenta ele por 5 segundos….”. Nas primeiras missões isso é legal, mas depois de 7 histórias diferentes com assassinatos conseguidos de forma fácil perde toda a tensão.

O autor não é muito bom em detalhar lutas também, quase todas se baseiam no protagonista correndo até o inimigo e no quadro seguinte mostrando ele em pé com o inimigo caindo. Ou então ele girando uma arma e todo mundo morto no quadro seguinte. Nesse ponto os mangás evoluíram muito ao longo dos anos, ao detalhar as coreografias a ponto de tornar o combate mais interessante e compreensível para o leitor. Alguns shounens exageram nisso, obviamente, mas ver lutas secas que terminam com um golpe que você nem sequer sabe aonde acertou também não é legal.

A arte é bem grosseira/suja, mesmo quando mais detalhada. Provavelmente comum para a época, então quem conhece os mangás de hoje vai estranhar. Mas isso eu achei até interessante pela sensação de novidade. E claro, o tratamento mais premium da obra com papel offset ajuda bastante a dar uma cara limpa aquele modelo de arte (alguns volumes da obra estão vindo danificados, a Panini recomenda pedir a troca se for o seu caso).

Em suma, é uma obra que recomendo para amantes de clássicos e cultura histórica japonesa. Se ver um cara andando de vestido e chinelos de madeira é bizarro pra você, e acha a história japonesa desinteressante, Berserk, também da Panini, é uma opção melhor.

Como disse o protagonista da obra é bom, mas tão onipotente nas 8 histórias contadas nesse volume 1 que a graça dos casos de assassinato vai se perdendo com o tempo, ainda mais pela apresentação das lutas ser simples e rápida demais para gerar tensão. Uma boa história em termos de personagem e variedade dos casos, mas com um começo que não empolga.

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