Impressões semanais: Ansatsu Kyoushitsu 2 #22


Por mais irregular que esta segunda e fatídica temporada de AssClass esteja sendo, não podemos negar como manteve-se firme em sua metologia de dividir a duração de uma grande gama dos episódios em duas partes com propostas diferentes que servem a um mesmo propósito.

O início foi um pretexto para nos lembrar, novamente, a imensurável – e respeitável – capacidade da evolução que os alunos tiveram, mental e fisicamente, durante o ano de treinamento, o suficiente para enfrentar soldados treinados. Ainda que um embate físico soe impossível em circunstâncias que envolvam um adulto musculoso contra adolescentes/crianças, o único que recorreu a este artifício foi Karma, já mostrado como alguém mais inclinado a precocidade. É muito mais concebível e compreensível que o resto da turma tenha se privilegiado de um bom conhecimento espacial e armadilhas para sobrepujar os militares. Ainda rendeu um divertido high five entre os dois personagens mais distintos do anime, que também servem como base para os ensinamentos de igualdade e amizade construídos desde o primeiro episódio.

Já o reencontro com Sensei rendeu mais um dos intermináveis momentos didáticos da obra, e talvez o mais valioso deles: o aprendizado sobre as injustiças da vida. Não sou Augusto Cury para dissertar, mas qualquer um com alguma experiência mundana tem conhecimento das agruras que enfrentamos dia após dia, e as palavras de Koro sobre como enfrentá-las fogem do habitual ao não romantizar tudo. Os problemas existem, sempre estarão presentes e podemos usar de vários métodos para superá-los, não necessariamente sendo nobres.

A melancolia da cena, aliás, me estimula a revelar, finalmente, minhas suspeitas para o término da história: acho que Koro irá morrer, a forma não sei, mas não é difícil imaginar o polvo, em seu canto do cisne, comentando momentos inesquecíveis que passou junto com a 3-E, como eles foram tão importantes para sua penitência quanto professor para os alunos. Ansatsu sempre teve em seu cerne o objetivo de dialogar sobre como, independente das adversidades, da minoria a qual pertença, o quão inútil se sinta após ser renegado pela sociedade – e vejam como Koro deixou bem claro para não nos desvincilharmos da sociedade – , uma reviravolta sempre é possível.

A penitência de Koro foi dar um novo rumo a tantos pupilos, após fracassar com o que agora ameaça sua vida, o ex-Caveira Vermelha, pois não é um ser perfeito, obviamente. Seu nêmesis final existe justamente por sua causa, sua negligência e insensibilidade. Talvez, apenas talvez, enfrentar este demônio interior, buscar corrigir seu maior erro, seja o ato final do molusco humanoide, o que também seria um libertar da 3-E para a maturidade, para finalmente serem responsáveis por si mesmos. Seria o desprender do cadeado final para o chegar da realidade, esta cruel e irrevogável condição inerente à vida que Koro tanto luta para prepará-los em 44 pequenas tramas semanais.

Avaliação: ★ ★  ★ ★ (+0,75)