Review – Death Parade

Um suspense psicológico testando os limites de cada ser humano, ao mesmo tempo que uma reflexão sobre o valor da vida e os julgamentos que fazemos das pessoas.

Sinopse

Pessoas sem memória do que fizeram nas últimas horas de repente se veem em um bar com apenas um barman de cabelo branco e uma garçonete. Lá eles são obrigados a jogar um jogo apostando suas vidas, aonde perder ou ganhar não necessariamente vai salva-los.
Análise
Death Parade começa com casos episódicos psicologicamente instigantes, e, consideravelmente variados. Em cada um deles pessoas com diferentes personalidades e experiencias de vida tem seu psicológico testado ao limite, através de jogos comuns misturados ao sobrenatural. Os casos em geral conseguem manter um ar de suspense intermitente ou até tensão (ep 8 e 9) enquanto os participantes vão reganhando suas memórias e você tenta adivinhar o que aconteceu com o personagem antes que ele se lembre de tudo. 
Embora pareça um anime sem um plot, isso muda no episódio 7, aonde até os casos episódicos anteriores passam a servir a um proposito maior, que é, basicamente, testar o protagonista, Decim. O mundo vai sendo expandido em alguns episódios e o método de julgamento cada vez mais contestado, afinal, “deixar a pessoa no limite realmente mostra quem ela é por dentro?”. Como resultado, Decim vai ficando mais humano, e Chiyuki, a protagonista feminina, cada vez mais ciente de sua situação.
O primeiro caso quase me fez pensar que só teriam casais ou pessoas de índole ruim sendo julgadas, mas não é só no lado negro do ser humano que o anime está interessado em mostrar, como o terceiro e sexto episódio provam. Tem casos tristes, bonitos, frustrantes, pesados e até um super engraçado. Tem também a questão de “quem foi para onde?”, algo que o anime dá dicas mas só é visualmente confirmado no episódio 11. Depois dele é só voltar para os finais de cada episódio para confirmar os resultados de todos os julgamentos.

Não vou dar spoilers pesados do que exatamente acontece no anime, mas apartir daqui comento quais episódios foram mais impactantes ou se o final foi tão bom quanto eu esperava, mediano ou fraco, e como cada personagem evoluiu, o que alguns podem considerar “spoilers leves”, fica avisado.

De todos os casos apresentados os que mais gostei foi o do episódio 6, por quebrar minhas expectativas (e me fazer rir muito) e o do episódio 8 e 9 (do qual até fiz um pequeno review isolado), por ser o que mais me instigou emocionalmente. Foram diversas emoções diferentes e mudanças de perspectiva em apenas dois episódios, fora o final ser bem forte também. Já o último caso eu achei simples demais, eu realmente esperava um twist forte ou algo impactante nas memórias da protagonista feminina, mas o que acaba sendo entregue é um caso didaticamente simples, ainda que de margem a uma boa reflexão sobre o valor da vida e seja apresentado em uma sequência lindíssima de dança no gelo. 
Decim e Chiyuki
Ao final, a obra não consegue trabalhar a fundo todas as questões que levantou em seus 12 episódios, e não consegue um climax de encerramento tão forte ou impactante como pensei que teria. Ainda assim, o “arco” de Decim com Chiyuki é resolvido de forma satisfatória, em um dos episódios mais bonitos do anime, mesmo que sem nenhuma grande surpresa em seus acontecimentos. Chiyuki se arrepende do que fez, repensa as coisas que disse anteriormente e entende o valor da vida, já Decim, aprendeu o valor dos sentimentos e de tentar entender as pessoas, ao invés de simplesmente joga-las em situações extremas enquanto observa como irão reagir. Só o tempo dirá se isso vai fazer dele um arbitro diferenciado, ou pelo menos mais justo, mas acho que é indiscutível que para se julgar humanos é necessário no mínimo entender suas emoções, diferente do que que as regras dos árbitros propõem inicialmente. E assim o anime termina, com alguns fechamentos e evoluções de personagem, mas sem necessariamente dar uma conclusão para todos os sub-plots que criou (até porque isso exigiria mais de 12 episódios).  
Aspectos Técnicos
A direção e roteiro (Yuzuru Tachikawa) de Death Parade apresentam casos muitos interessantes e em geral bem trabalhados. É suficientemente provocante para quem gosta de pensar sobre o que está assistindo e quando a pessoa já está começando a ficar cansada dos casos episódicos o roteiro expande o mundo e apresenta um plot real por trás daquilo tudo. Com mais tempo eu creio que a obra poderia dar um sentimento de conclusão melhor as ideias trabalhadas.
A animação é sensacional com vários episódios cheios de fluides e expressividade nas partes mais emocionais, e vale dizer, com um excelente controle de “câmera” da direção e storyboard. Esse deve ser um dos animes para TV mais bem produzidos pelo estúdio Madhouse. Mérito para o freelancer Shinichi Kurita, revisor de animação e designer de personagens, pela consistência na animação de todos os episódios. E a Takashi Kojima, um animador freelancer amigo do diretor, as partes mais visualmente impressionantes em fluides são quase todas trabalhos dele. O único porém é que algumas dessas partes emocionais acabam ficando trashs (exemplo), graças ao exagero na representação emocional de alguns personagens.
A trilha sonora faz um bom trabalho, chegando até a se destacar de vez em quando. O uso da ending em um determinado episódio também é inspirado, ainda mais se você prestar atenção na letra da música e liga-la ao que acontece no final do episódio.
Conclusão
Death Parade é um anime muito bom para quem se interessa pela análise e observação do “psicológico” humano quando em situações extremas. Ele também faz uma reflexão interessante sobre a justiça no ato de julgar as pessoas quando contesta a validade de sua própria proposta. O trabalha com dois principais personagens é satisfatório, fechando bem o anime, ainda que deixe questões em aberto. Gostaria de um pouco menos de exagero na explosão emocional de alguns personagens (ep 1 e 4 principalmente) e uma conclusão mais fechada e impactante, aonde a história da Chiyuki não seria tão simples quanto parecia e aquela mudança do Decim iria gerar consequências significativas ao sistema. Fora isso, gostei muito do anime. Para quem procura os tão falados animes com foco em “psicológico” ou “jogos mentais”, esse aqui é uma boa pedida.
Direção/Roteiro: 9/10
Animação: 9/10
Soundtrack: 9/10
Entretenimento: 7.5/10
Nota final: 8.5/10
Trailer do anime: