Impressões semanais: Yuuki Yuuna wa yuusha de aru 11 e 12

-Terminou o anime da menina de cabelo rosa.


-A situação era desesperadora. De um lado, Tougou e uma infinitude de vórtex infiltrando-se pela abertura que ela criou. De outro, Yuuna e as outras, cujo prospecto de ação era nebuloso na melhor das alternativas. Não obstante, alheia ao desamparo a ao sentimento de derrota, uma guerreira solitária se distinguia na multidão. Quando mesmo a sempre otimista heroína rosa pensou em desistir, ela estava lá para motivá-las, para erguê-las do buraco em que estavam enfurnadas. Ela lutou, sem hesitar, desafiando os limites do próprio corpo com um sorriso em seu rosto.

-O que ela fez pode soar incompreensível para muitos. Por que lutar quando todas as chances estão contra você, e o risco é grande a ponto de comprometer a forma como vive o restante de sua vida? Se fosse eu lá já teria cavado a minha cova e me enterrado dentro dela. Como esse é um contexto pessoal e subjetivo, vamos expandi-lo para alcançar certo grau de objetividade, introduzindo a seguinte pergunta: o mundo é perfeito? É preto, é branco? Estamos realmente seguros no mundo em que vivemos? A criminalidade está aí, o aquecimento global está aí, os conflitos étnicos estão aí. E se no fundo já estivermos condenados como espécie e apenas estivermos nos iludindo com uma falsa impressão de segurança? Nesse caso, como nós continuamos de pé?

-É a mesma coisa com aquele resquício de mundo em formato de árvore, eles sabem que vai chegar o momento em que serão todos dizimados, mas continuam insistindo. E por que fazem isso? Porque os seus instintos, assim como os nossos, trabalham no sentido de garantir a reprodução, a sobrevivência. A priori os seres vivos buscam estender suas vidas e protelar a sua extinção, a sua morte. As heroínas representam a humanidade, são as únicas capazes de desafiar o destino, e com isso em mente, reproduzem a atitude de sua raça: tentar garantir um futuro, não importa o quão doloroso ele seja.

Enquanto isso, no episódio 12…

-Ai, é a waifu, é a waifu, é a waifu, GENTE, É A WAIFU! TOUGOU ESTÁ DESMAIADA! Bastou chegar a waifu que toda a independência e determinação da Homura peitudinha se esvaiu completamente. Não se deve subestimar o poder do yuri, presente desde os Neandertals. É natural que o poder da amizade prevaleça como um trunfo onipresente; a Itsuki apoia a Fu, a Yuuna apoia a Tougou e a Karin não precisa de apoio porque ela é o sexto ranger, uma entidade autossuficiente.

-De volta ao mundo real, pode-se dizer que elas tinham um problema bem contundente em mãos, que conseguiram resolver de alguma forma, mas como isso não durou muito tempo, vamos logo para a parte que interessa: o final. A princípio me pareceu uma escolha complacente e mal planejada, pois se o Shinju-sama poderia devolver o que elas perderam desde o início, por que não fazer isso antes? E se ele fez isso para impedir futuras revoltas, qual o sentido de se conservar as inabilidades desde o primeiro Mankai? Pelo que eu entendi, as fadas são a condição necessária para que elas não se curem no processo, então bastaria mudar o sistema para ou destruir as fadas extras logo quando fossem criadas, ou não criá-las em primeiro lugar. Isso faz pouco sentido, então resolvi adotar outro ponto de vista: Taisha em nenhum momento mentiu sobre o fato de estarem pesquisando a causa do problema.

-Se você pensar sobre isso, é possível enxergar o desfecho de uma forma bastante positiva, o que sempre foi o meu objetivo em primeiro lugar. Para ilustrar isso mais facilmente, estabelecerei uma analogia com um jogo de RPG Maker que possui uma mensagem muito parecida. The crooked man é um jogo sobre um jovem que não tem esperança em si próprio e nenhum prospecto de que sua vida possa melhorar. No decorrer da trama, o protagonista tem diversos encontros com um monstro que simboliza todos os seus medos e desilusões para com a vida, um monstro que ele próprio criou no seu subconsciente.

-As personagens de Yuuna são assim, pois em determinado ponto elas deixam de ter esperança, de acreditar. Tougou se desespera perante a situação e perde a confiança em Taisha, que no fundo estava dizendo a verdade o tempo todo, apesar de propositalmente usar poucas palavras em suas mensagens , ter pouca transparência e manter uma postura indolente no geral (é um jeito de enganar os fãs também, o silêncio fala mais do que mil palavras). O anime é sobre isso: combater os monstros que você mesmo cria e fazer o mais difícil: continuar a viver, mesmo que as condições piorem e não se possa fazer nada para voltar ao seu estado normal. Viver desabilitado é isso; defender o único forte que ainda não foi ocupado por monstros alienígenas é isso. Não é Madoka com sua mensagem de equilíbrio, mas sim uma ode à esperança, à capacidade de encontrar forças mesmo em cenários extremamente pessimistas.

-Se houve algo que eu considerei como um verdadeiro “milagre” no sentido literal da palavra, foi o fato da Yuuna ter se curado de uma tetraplegia sem o auxílio de Shinju-sama (reparem que as pétalas que supostamente curaram as heroínas quando as fadas se dissiparam não caíram na Yuuna). Se houve um momento em que a produção exagerou a mensagem, pra mim esse foi o momento. Se souberem de algum caso em que uma tetraplegia foi curada com força de vontade, linkem aí para eu ver. Se houve ajuda externa, o anime não deixou claro. O que aconteceu com a fada dela? Não sabemos, só podemos supor ou especular.

-Yuuna foi aquele tipo de obra em que milhões de expectativas foram insinuadas, death flags rolando soltos durante algum tempo, mas que no fim jogou toda a responsabilidade da criação de expectativas para o próprio fandom que as criou, assim enjaulando esse monstro de uma vez por todas. Nunca quis ser Madoka, apesar das homenagens, e utilizou a própria fama da séria animada de 2011 a seu favor, invertendo o jogo de última hora. Alguns ficaram tocados pelo sofrimento das meninas, outros não. Alguns gostaram do final, outros acharam mediano e outros foram arrastados na correnteza das próprias expectativas e se afogaram em lamentações. Talvez essa fosse a intenção, quem sabe? Deixará uma memória, seja positiva ou negativa, na mente daqueles que assistiram, e também o legado de um universo simples e prático para plataformas de RPG.

Nota: 74/100
Nota final: 550/7=79/100

Extras

Procurando emprego
Final alternativo

Não faço a mínima ideia de quem é esse sujeito
Visual novel master race
The end of yuuki yuuna