Shingeki no Bahamut: Genesis (Review) – Uma divertida aventura épica, ou quase….

E se fizessem um anime estilo “Piratas do Caribe” sem um Jack Sparrow pra carregar a obra nas costas? Bahamut nada mais é que uma resposta a essa pergunta.

Sinopse

Um caçador de recompensas é salvo por uma garota meio-demônio com quem acaba fazendo um contrato e agora é obrigado a leva-la até sua mãe se quiser a maldição do contrato desfeita. Enquanto isso um dragão antigo (Bahamut), que quase destruiu o mundo anos atrás ameaça despertar.
Análise
Bahamut é um anime meio diferente do normal. Ele parece um épico mas o que mais se vê é uma pegada divertida e pouca pretensão quanto a qualquer tentativa de ser levado muito a sério (ao menos no início). Isso não seria ruim se o anime fosse só divertido, bobinho e nada mais. Mas não é bem isso que acontece.
Personagens principais
Os personagens são estereótipos simples, algo comum em animes e que normalmente não seria um problema. Mas eles são estereótipos “pouco gostáveis” em geral, e ai mora o perigo de baixa aceitação por parte do público. 
Favaro é um comediante que tende a tomar decisões em favor puramente pessoal, mas que na verdade tem bom coração (bem, beemmmmm lá no fundo). Kaisar é o “cavaleiro de armadura”. Esse tipo de personagem é normalmente mais “gostável”, mas quando tudo que ele faz é dizer frases de efeito cafonas, ser melodramático ao extremo e pregar um código de conduta super certinho, a coisa não funciona tão bem. Amira, que a maioria vai gostar muito a princípio, é um “cordeiro em pele de lobo”. Ela é extremamente infantil e as lutas que todo mundo deseja ver com ela no climax nunca acontecem. Isso é explicado, mas só porque faz sentido não quer dizer que seja agradável de ver uma personagem que você achou legal no episódio 1 se tornar algo completamente diferente. Por último, Rita, uma zumbi muito simpática que está por trás da solução de quase todos os problemas em que os heróis se metem. Ela acaba sendo de longe a pessoa mais gostável da trupi, apesar de nunca ficar explicado porque ela se ligou ao Kaisar em tão pouco tempo.

A obra também é claramanete “plot driven”, o que significa que os personagens são jogados de um lado pro outro sem grandes escolhas de caminho possíveis. O roteiro decide o que acontece e dá um jeito de mover os personagens a contento, não o contrário.

“Piratas do Caribe é você?” 
A primeira metade de Bahamut funciona bem. A animação é boa, a trama está sempre caminhando, e tem um embate divertido a cada episódio. O climax que fecha o conflito de Favaro e Kaisar – assim como o plot do passado dos dois – é satisfatório (embora o vilão que desencadeia a coisa toda tome atitudes clichês e sem sentido). A segunda parte do anime já não flui tão bem. O anime com tom divertido quer ficar sério, mas quer fazer isso mantendo gags frequentes. O nível da produção também cai absurdamente em episódios feitos a base de sub-contratos para outros estúdios.
Joanne D’arc. Boa personagem, pena ser sub-aproveitada.
Ao final vem twists bons, médios e ruins. Algumas viradas te pegam de surpresa, mas outras são bem ilógicas ou mal explicadas. O vilão final sabe que o resultado de tudo aquilo vai destruir o mundo e só fica rindo disso sem nunca explicar o porque dele querer o mundo destruído – o modo como ele é derrotado não fez sentido pra mim. Uma das personagens apresentadas na metade do anime (Joanne D’arc), que parece ter um futuro promissor, acaba completamente sub-utilizada no final, a ponto de dar pena a quem gostou dela. Pelo lado bom tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que é no mínimo fácil de se manter entretido (a mim ao menos, tem gente que não vai gostar).

O final é bonito e todos os arcos se fecham, de forma a parecer algo bem conclusivo. O desfecho, porem, é exatamente o que se espera desde que o conflito tomou forma nos 3 episódios finais. E não, mesmo no climax final, com o mundo todo podendo ir pelos ares as piadinhas e gags faciais continuam “sem piedade” (maldito diretor…..). Em resumo, um final cheio de erros e acertos, mas aonde os erros predominaram sobre os acertos pra mim.  

A respeito do epílogo, não me perguntem como aquele cara está lá no final. Mas em um anime aonde cavalos voam sem ter asas e os efeitos da gravidade parecem ser inexistentes, aquilo não é exatamente uma surpresa.
Aspectos Tecnicos

A direção de Bahamut – do mesmo cara de Tiger & Bunny e CDZ – A lenda do Santuário) é uma bagunça. A mistura de comédia e ação se sustenta bem a principio mas perde a mão na metade final, principalmente no climax. A administração da obra também não é das melhores, é só notar como a animação fica inconsistente na segunda metade.
O roteiro tem boas ideias e personagens interessantes mas não aproveita ou desenvolve nenhum dos dois. Saídas clichê pra todo lado e coisas sem a devida explicação são o que não faltam.  
A animação é muito acima da média no episódio 1, cai para acima da média no episódio 2 ao 7 e começa a ficar bem inconsistente apartir do 8, só voltando a entregar mesmo no episódio final. O trabalho na animação de expressões faciais é uma das coisas mais notórias do anime. O uso de CG varia de bom a ruim (o dragão verde ficou terrível). Também não esperem lutas épicas. As lutas são fluidas mas a coreografia não é muito empolgante na maior parte delas, de modo a ficar parecendo mais uma brincadeira do que uma luta, principalmente os duelos de Kaisar com Favaro.

O soundtrack encaixa bem com a maioria das cenas, mas não se destaca.
Conclusão
Apesar de minha decepção com a obra é inegável que Bahamut é um anime divertido de se assistir se você for com o humor e expectativa certas para ele. 
É movimentado na maioria do tempo e a boa animação ajuda a entreter. A personalidade dos protagonistas pode ser um problema para algumas pessoas criarem o mínimo de ligação(como eu), mas isso não chega a ser tão grave assim em um anime aonde o apelo está no enredo. É uma história fechada também, então a satisfação de ter visto algo completo pelo menos se tem.
Quem procura algo sério vai se decepcionar, mas quem só quer um anime leve para descontrair pode encontrar em Bahamut uma boa forma de passar o tempo. 
Direção: 6/10
Roteiro: 6/10
Animação: 8.5/10
Soundtrack: 7.5/10
Entretenimento: 8/10
Nota final: 7/10
Trailer (enganoso):