Impressões semanais: Amagi Brilliant Park 1 e 2


-Ele era um garoto. Ela era uma garota. Dá pra deixar isso mais óbvio?

Perseguir alguém incessantemente é obsessivo e os psicólogos não recomendam

-Para o espectador comum, pode parecer um daqueles shoujos voltados para o lado da comédia, em que o namorado em potencial faz a menina de sonsa 1500 vezes e mesmo assim ela continua apaixonada por ele (o que certamente não é uma ocorrência rara ou inverossímil), só que com os papéis invertidos. O que muda é que esse tipo de chantagem que Sento Isuzu utiliza para conseguir o encontro com o protagonista (Kanie Seiya) vai além de uma chantagem intersexual inocente, sendo praticamente uma ameaça, cuja punição pelo código penal varia de 1 a 6 meses de detenção, ou multa.

-Entretanto, pode-se dizer que Kanie Seiya é um exímio clairvoyant. A truculência não o desanimou, mas serviu para inflar ainda mais o seu ego (ele é bastante convencido, pelo que pude perceber). Afinal, ter uma suposta yandere atrás de você é sinal de que você é muito gostoso e tem um rojão potente, não é mesmo? Mas é claro que dependendo do seu grau de libido acumulada, há outras opções, como chamar a polícia, por exemplo. 

Pixiv-sama…Comiket-sama…
-Busão vai, busão vem e o tema do anime vem à tona. Um parque de diversões, conhecido como Amagi Brilliant Park, está à beira da falência, e somente Kanie (cujo talento na infância o levou a ser reconhecido como um prodígio na indústria do entretenimento) pode resolver a situação e salvar o dia.

-Mas qual é afinal o problema desse parque? Na época em que eu jogava Rollercoaster Tycoon, eu nunca sabia porque as atrações perdiam público, e acabava demolindo e criando outra do mesmo tipo no lugar. Aqui podemos perceber problemas administrativos mais óbvios, como membros da staff que deveriam aparecer não aparecendo, montanhas-russas que não empolgam e jogos de tiro que se focam muito em um nicho específico, quando deveriam apelar mais para o público jovem. Tem também o problema ideológico, que deriva do fato de todos os funcionários pertencerem a um mundo mágico e acharem magia a coisa mais normal do mundo. Quando a magia vira rotina, perde o seu efeito misterioso e sagrado, o que justifica que eles próprios não acreditem que há alguma coisa de especial em possuí-la. O clima geral do parque é tão inexpressivo quanto a Isuzu.

Pergunta: Por que eu não posso ter as 5?

-Caso eles não consigam alcançar o objetivo de 250000 visitantes nos próximos 3 meses, o parque será fechado e terão de arranjar outros empregos. Mas não é só isso. A vida deles depende disso, pois como seres mágicos, não conseguem existir no mundo real a não ser que as pessoas acreditem neles. O mana, energia mágica, religiosa, e princípio fundamental de toda a vida, foi o meio pelo qual os homens das tribos totêmicas impunham (e ainda impõem) suas vontades sobre o mundo. Rituais que simulam a reprodução do animal cultuado tem como objetivo garantir a reprodução dos mesmos, e assim a força moral da tribo. Acredita-se realmente que os deuses precisariam da comida que lhes é oferecida durante o sacrifício, pois os símbolos sagrados são vulneráveis à tempestades, inundações e outros infortúnios. O sagrado serve ao homem e não existe sem o homem.

O gatinho rosa gosta de peitos e bundas, aliás
“Tá me chamando de vendido, fdp?”

-Os mascotes do parque são uma verdadeira desconstrução dos mascotes bonitinhos que você vê por aí. Os convencionais tem uma pessoa dentro, o que faz com que seja impossível demonstrar insatisfação com algum cliente serelepe, mas esses aqui não usam fantasia, são de verdade. Ao invés de tirarem a roupa quando deixam de incorporar o personagem, eles tiram a máscara comportamental, assim como atores quando param as gravações. Um deles me agradou bastante (o Moghle), por sua personalidade forte e hábito de falar o que pensa na cara dos outros. Vai ser um contraponto interessante para o protagonista, por quem nutre desconfiança desde que o viu pela primeira vez.

 
-Voltando para o tema central, algo inesperado (mas previsível por experiência assistindo animes) ocorre. Kanie se recusa a salvar o parque, pois não vê nenhum motivo para tal, e ainda por cima está ressentido por ter sido arrastado à força até o lugar. Ele não deve nada a nenhum deles e a escolha é racional. Porém, se ele não ajudar o parque, acabou o plot, e é nesse ponto que o autor pensa em um motivo para fazer com que ele volte lá – devolver os poderes que recebeu, já que ele não cumpriu sua parte do trato. O que ele não esperava era encontrar uma comoção em frente ao castelo da princesa, com muitos feels chegando ao coração dele, que mudou de ideia no fim. No próximo episódio, a história começa de verdade.