Iris Zero – Enxergue além do que os olhos podem ver

Em um mundo aonde 99,9% dos jovens tem o poder especial chamado “Iris”, Toru que nasceu um Iriz Zero (sem nenhum poder especial) foi discriminado e maltratado quando jovem por todos aqueles que possuem esse poder. Cansado de sofrer ele decide criar seu lema de “baixa exposição” – um modo de vida isolado no qual ele tenta chamar o mínimo de atenção possível no colégio, evitando assim que as pessoas o notem e o discriminem. Mas sua vida pacifica muda completamente quando ele recebe o pedido de ajuda da garota mais popular da escola, Koyuki, que possui o poder de ver a aptidão das pessoas para realizar qualquer tarefa em que ela pense. Desse momento em diante tanto seu lema de “baixa exposição” como sua vida no colégio serão abalados para sempre.


Review

Inicialmente o que mais me chamou atenção em Iriz Zero foi a questão dos poderes, como um dos personagens comenta, é como se cada um deles tivesse um filtro diferente para enxergar o mundo. Tem o que vê a aproximação da morte através da quantidade de borboletas negras a volta da pessoa, outros veem labels no corpo das pessoas indicando o que seus colegas pensam dela, a garota que vê a aptidão das pessoas para poder ou não fazer/realizar alguma coisa, a que pode ver quando alguém está mentindo, prever a aproximação do perigo, enxergar probabilidades, e por ai vai, cada personagem possui um poder único e existe uma infinidade deles.

Toru, o Iris Zero, é o personagem central do grupo (mesmo ele não tendo consciência disso) que vai se formando ao longo da história. Apesar de não ter um nenhum poder, Toru nasceu com uma habilidade sherlockiana de observação e análise lógica, capacidade essa que foi ainda mais desenvolvida pela vida que ele levou, sempre tentando analisar as pessoas de modo a adiantar suas ações ou pensamentos, evitando assim cair no meio de uma situação indesejada que quebrasse seu lema de “baixa exposição”.

Fora ele a trama possui mais 5 protagonistas que vão sendo explicados e desenvolvidos através de sagas – as vezes grandes, as vezes pequenas. Alguns deles tem personalidades simples, outros já são mais complicados de entender, estando dispostos a fazer o que for necessário (coisas ruins de modo geral) para proteger a pessoa de que gostam (o protagonista está incluso nessa lista).

Os usuários da “Iris” nem sempre se sentem privilegiados por seus poderes, que os causam mais dor do que vantagem em alguns casos. Tem a garota que enxerga mentiras e por isso vive infeliz sabendo da falsidade das pessoas a sua volta, e ao mesmo tempo tenta evitar que seus colegas descubram qual é o seu poder, para não ser isolada (você gostaria de um detector de mentiras do seu lado vendo através de tudo que você fala ?). Tem o garoto que enxerga a aproximação da morte mas se vê incapaz de fazer algo para impedi-la. A garota que enxerga as emoções das pessoas e por isso acabou alienada a bloquear as suas próprias e dar respostas certas na tentativa de manter os que estão a sua volta felizes. O garoto que enxerga relacionamentos afetivos (quem tem interesse amoroso em quem) e tem que ver todo dia a garota que ama mostrando interesse por outra pessoa,  e por ai vai, são diversos casos.

Como deu pra notar pelas imagens essa é uma obra com uma quantidade considerável de drama, mas ela não tem só isso. O romance também é um grande foco do autor, mas como são muitos personagens sendo desenvolvidos os casais vão se formando devagar (tirando os dois principais, eles são um casal bem obvio desde o início). A comédia se faz presente mas essa não é uma “comédia romântica”, estando mais próxima a um slice of life de fantasia com romance, mistério, drama e um pouquinho de comédia (os extras no final de cada volume são hilários).

Sobre a trama, de modo geral o que se vê são resoluções de mistérios e conflitos cotidianos por parte do protagonista (a lá Sherlock Holmes). Mas mesmo sendo “cotidianos” os autores conseguem dar urgência a esses conflitos/mistérios, que além de terem importância no enredo e desenvolvimento dos personagens principais, costumam ter um tempo limite para serem solucionados, de forma a manter o leitor interessado. Indagações como “o que está acontecendo? ou porque ele(a) fez isso?” são bem comuns durante a leitura e elas usualmente só tem resposta no final da saga com explicações ponto a ponto (no mesmo estilo dos livros de “Arthur Conan Doyle”).

Vale notar que essa obra possui grande similaridade com Hyouka (até mesmo o casal de protagonistas é parecido no quesito personalidade), só que na “minha opinião” Iriz Zero é desenvolvido de um modo mais interessante, já que existe certa urgência na maioria dos mistérios, enquanto o primeiro tem uma trama mais lenta e sem grande urgência na resolução dos problemas (não que isso seja errado, é algo até bem comum no gênero “slice of life”).

Conclusão

Iris Zero é um dos melhores mangás de slice of life que eu já li (ou “leio”, porque ele ainda está em publicação). Ele me prende de um jeito que poucos mangás desse gênero conseguem e todos os personagens apresentados são gostáveis e bem desenvolvidos, mesmo que as vezes demore um pouco (você tem que entende-los para começar a gostar deles). Emocionar também é um dos fortes da obra e não são poucos os momentos que a narrativa tem desfechos dramáticos (as vezes felizes, as vezes nem tanto). No mais ela é um apanhado de vários elementos que eu gosto em uma história como: fantasia (através do poderes); romance (vários casais); mistério e um pouco de comédia; portanto, recomendo ela para pessoas que também tenham interesse nesses gêneros, dificilmente irão se decepcionar.

Avaliação: ★    
Extras

Lembram que comentei que os extras eram hilários ? leiam as 3 paginas do extra do volume 1 abaixo (não tem spoilers). Clique na imagem para ampliar, a ordem é da esquerda para direita “->”.

Imagens


O casal principal

Compilado das capas dos 5 primeiros volumes do mangá.