Review – Aoki Hagane no Arpeggio: Ars Nova

Uma história sobre inteligências artificiais buscando o autoconhecimento ou uma guerra de navios futuristas controlados por mulheres robô muito atraentes?

Sinopse


Na história, uma frota de navios que se autodenomina “nevoa”, carregados com super armas e uma tecnologia nunca antes vista aparece em todo o mundo. Sem a capacidade de resistir a esta frota, a humanidade é derrotada e isolada dos mares. 17 anos anos depois, Gunzo Chihaya, um jovem militar, toma posse de um dos navios da “névoa”, uma virada que poderá mudar o destino da humanidade.

Trama

Arpeggio tem uma plot bem simples, direto e sem grandes reviravoltas. Sendo assim, o que acaba atraindo nele é o fator entretenimento gerado pelas batalhas de navios futuristas e o desenvolvimento dos personagens. São raros os momentos parados e praticamente todo episódio termina com um cliffhanger (também conhecido como “gancho”). Os primeiros 4 episódios dão uma boa ideia do que esperar em termos de ação, enquanto os seguintes começam a focar no desenvolvimento das inteligências artificiais (modelos mentais) e suas mudanças quando em contato com os humanos.

O protagonista cumpre seu papel, com bons diálogos e estratégias normalmente inteligentes, mas fora isso ele é tão desinteressante e frio que chega a ser irônico ele ser um humano (as IAs tem mais personalidade que ele). Seus amigos também tentam algumas tiradas engraçadas mas em poucos episódios se percebe que o show não é deles, mas sim dos “modelos mentais”.

As IAs (modelos mentais) são um mistério no início e as informações sobre as mesmas são reveladas tão lentamento que só é possível entender melhor como elas funcionam depois de uns 7 episódios (algum conhecimento prévio sobre o que são nanomáquinas também se faz necessário para o entendimento). [Explicação/Spoiler leve] A primeira vista elas parecem hologramas projetados pelos navios. Só com o tempo que se entende que elas de fato tem um corpo físico criado através de nano robôs (o mesmo material de seus navios e usado na projeção dos campos de força) e que dentro deste corpo se encontra seu núcleo/cérebro/coração. Ou seja, os navios não são nada mais do que montanhas de nanomáquinas agrupadas que se movem de acordo com o comando delas.

Seus objetivos e convicções parecem bem claros – e vazios – a princípio, mas passado alguns episódios se entende que nem mesmo elas sabem o porque de estarem ali ou quem as mandou – dando assim lógica as perguntas da ending “De onde viemos? O que somos? Para onde estamos indo?” – indagações dos “modelos mentais” para si mesmas. [Fim da Explicação/Spoiler level]


Admito que o desenvolvimento dessas personagens foi o que mais me atraiu na obra, mesmo alguns sendo bem simplistas como o da Takao (uma tsundere muito simpática). Ao longo da narrativa cada uma delas sobre diferentes mudanças ligadas ao sentimento humano a que mais se prenderam : amor, amizade ou ódio. O único problema que eu poderia citar é que algumas dessas mudanças acontecem rápido demais.

A tecnologia futuristas (quase Alien) foi muito bem vinda e dá um plus as batalhas, com campos de força e armas de escada destrutiva absurdas.

O anime tem vários bons momentos, desde grandes batalhas a partes mais dramáticas, mas o momento mais marcante da obra (para mim) foi a negação da Kongou (a IA loira) no final do episódio 9, quando ela percebe que sua obsessão em destruir o protagonista acabou gerando os sentimentos humanos que ela tentou ao máximo evitar. Sua contemplação ao perceber os próprios erros enquanto a chuva caia e ela repetia lentamente “vocês estão errados”, somados a ending adiantada em alguns segundos foi um ótimo momento por parte da direção. Só faltou alguém dizer para ela que “não existe nada mais humano do que tomar decisões equivocadas baseadas em emoções”.  

E como se isso tudo não fosse o bastante, o episódio ainda termina com um mega cliffhanger pós-créditos. O climax após esse episódio foi bonito e destacou bem a ótima trilha sonora do anime, mas não me chamou tanto a atenção quanto o evento que citei do episódio 9. 

Já o conflito final foi mediano, principalmente porque enquanto eu esperava ações mais frias e impactantes o que acabou se tendo foi uma direção mais emocional. A metáfora visual das IAs lutando em duas frentes (uma na mente e outra no plano físico) foi interessante e bem bolado mas não pude deixar de achar a resolução final um tanto quanto inocente demais. O epílogo – ao som de uma bela OST – foi bem conclusivo e deixou a situação tão bem resolvida que me fez pensar se eles sequer cogitavam uma continuação (como o anime é uma historia original apenas usando algumas partes do mangá creio que a resposta seja não). A única coisa que faltou revolver foi os mistérios por trás dos modelos mentais, mas isso acho que só quem acompanha a obra original vai descobrir.

(olhando para o character design do mangá não consigo deixar de pensar, “seja lá quem fez o character design do anime, excelente trabalho !”)


Recomendo a quem gostou do anime pegar o mangá para ler. O anime é praticamente uma versão alternativa e original da história do mangá (acho que por isso colocaram “Ars Nova” no nome) e só pegou algumas partes do mangá de base (principalmente o início). Cerca de 70% da história é original, principalmente do episódio 8 pra frente. No mangá tem muito mais explicações, as mudanças dos personagens são mais gradativas, a historia é diferente e tem mais do dobro de personagens comparado aos que o anime mostrou. Mas dá pra entender as mudanças já que precisaria de no mínimo 24 episódios pra fazer uma adaptação razoável do mangá e eles claramente não tinham verba para isso. O único porem é que uma continuação parece bem improvável com a história do anime tendo tão pouco em comum com a do mangá.

Aspectos Técnicos

O uso pesado de CG incomoda, principalmente no início (demorei uns 3 episódios pra me acostumar). Ainda assim, acabou ficando melhor do que imaginei inicialmente. Todas as partes mais emocionais e que exigem mais expressões dos personagens funcionam (coloquei vários exemplos no final do post). As lutas, como só envolviam projeteis e efeitos de luz, se encaixavam muito bem com a animação. A única parte que achei ruim foi a movimentação dos personagens, principalmente quando movimentos muito rápidos eram exigidos (algumas partes de comédia são bizarras).

A direção do Seiji Kishi foi boa e a trilha sonora a cargo do estreante Masato Kouda (primeiro anime dele) foi um grande e inesperado destaque, sendo possível notar mais de uma composição letrada nas BGMs (coisa rara em animes, que normalmente tendem a se prender mais a instrumentais básicos).
Conclusão

Arpeggio é um anime que eu não dava muito inicialmente, fora o diretor controverso o uso pesado de CG não causa uma boa impressão inicial. O que mudou minha opinião ao longo do tempo foram as batalhas (visualmente muito bonitas e com boas estratégias) e os bons diálogos, – principalmente dos humanos com as Inteligencias artificiais – muitas vezes profundos o bastante para gerar uma reflexão momentânea por parte do telespectador. E enquanto não uma obra fantástica, é um anime do qual eu terei uma ótima recordação.

Sobre a pergunta no inicio do post, acredito que seja uma mistura dos dois.

Notas

Animação: 5/10 (a nota baixa é pelo CG pesado, as cenas de ação são muito boas)
Soundtrack: 9/10
Direção/Roteiro: 8/10
Entretenimento: 8/10

Nota final: 7.5/10

BEST GIRL!!!!!!!!!!!!!!!