Natsu no Arashi! – Viagens no tempo ao estilo Shinbo

Natsu no Arashi! é originalmente um mangá encerrado em oito volumes com autoria de Jin Kobayashi, o mesmo de School Rumble. O anime foi adaptado pela Shaft (Monogatari Series, Mahou Shoujo Madoka Magica) e conta com a direção de ninguém mais ninguém menos que Akiyuki Shinbou. Natsu é um dos animes mais desconhecidos do currículo desse diretor e até mesmo do estúdio, e foi produzido em uma época aonde o Shinbo não era tão conhecido e seu estilo ainda estava sendo aprimorado, mas seu gosto peculiar para historias já estava bem acentuado. O anime ainda recebeu uma continuação chamada Natsu no Arashi! Akinaichuu que não será resenhada nesse post. 
Hajime Yasaka é um garoto de 13 anos que está passando suas férias de verão na casa de seu avô. Certo dia, ele decide passar na cafeteria Hakobune quando se depara com Arashi, uma garçonete do recinto. O rapaz logo se interessa pela moça e após alguns acontecimentos inusitados acaba tocando na mesma sem querer e juntos são transportados para o passado. Surpreso, Hajime decide ajudá-la a desvendar a razão para os estranhos poderes de Arashi e acaba descobrindo uma chocante verdade sobre a garota.
Algumas das garotas do anime. Sim, a terceira da esquerda para a direita é uma garota.
Kobayashi em Natsu foge totalmente do convencional, ele transforma um tema normalmente usado em tramas tensas e conspiratórias e modifica tudo a um tom de humor. E ele faz isso com estilo, o primeiro episódio já demostra o que viria pela frente. Hajime cria o que seria uma fruta que o mesmo chama de “bomba de morango” com várias misturas de temperos picantes. Esse pequeno objeto com características bem peculiares (disso já se nota o tom de humor da série) acaba resultando em vários acidentes e numa tentativa de evitá-los Hajime viaja varias vezes no tempo. O que se segue é uma impressionante e bem orquestrada história de apenas um episódio com direito a mudanças de linha do tempo, paradoxos, ações e reações que já estavam determinadas desde o inicio e looping temporais. Enfim, todos os elementos presentes em uma historia de viajem no tempo e sem perder o feeling humorístico

A direita o CD original do mangá, a esquerda o do anime.
Mas Kobayashi não se satisfaz somente com o humor e vai mais além. Ele decide apresentar um propósito as viagens no tempo a utilizando para nos contar do misterioso passado de Arashi enquanto ela ao lado de Hajime começam a modificar fatos da Segunda Guerra Mundial. Pessoas que deveriam ter morrido, não morrem. Bombardeios são evitados ou causam menos destruição. E todos esses atos causam efeitos no futuro.

O inicio de um famoso e único modo de dirigir.

Shinbo se adepta ao estilo de Kobayashi e brinca com o tema a sua maneira. Um bom exemplo é o fato dele modificar a ordem cronológica de alguns episódios para promover ainda mais a sensação de viajem no tempo. Seu estilo de direção aqui está bem comportado e até com uma falta de polimento, ele não soube amenizar a falta de verba para o anime, que apresenta até mesmo um CD bastante inferior ao mangá. Temos alguns de seus famosos ângulos já presentes como as cabeças tortas, enfoques em partes dos rostos e objetos espalhados pelo cenário. Inclusive a famosa câmera do alto vista constantemente em Monogatari Series já estava presente em Natsu. Ele até toma de uma liberdade produtiva e insere diferentes referências a outros animes e produções nipônicas com duas personagens se dialogando no inicio ou final de cada episódio, é ver para entender e sorrir. O que conferimos é um Shinbo se descobrindo e se aperfeiçoando.

Shaft sempre se destaca no quesito OP/ED. Nessa ED mesmo temos elementos IRL que 
lembram bastante o antigo estilo da Gainax.

Natsu no Arashi! É uma das comédias mais diferentes em se tratando de plot que se pode ver por ai. Ela ainda nos traz mais do que o prometido e insere uma interessante abordagem sobre viagens no tempo. Ou você pode esquecer isso tudo e apenas ver o Shinbo revelar seu estranho fetiche por umbigos, é assistir para entender.