Primeiras impressões – Hataraku Maou-Sama

-Dupan!
-Hataraku Maou-sama é a adaptação de uma light novel de mesmo nome escrita por Satoshi Wagahara e ilustrada por Oniku, com sete volumes publicados até o momento pela ASCII Media Works. O anime é produzido pelo estúdio White Fox (Katanagatari, Jormungand, Steins;gate) com direção de Naoto Hosoda (Mirai Nikki, Shuffle, Koe de Oshigoto) e adaptação de argumento por Masahiro Yokotani (Busou Shinki, Belzebuub, Maria Holic). O responsável pelo character design é um indivíduo que atende pelo nome de 029 (?). 

-O anime se inicia com a batalha entre Maou e os “guerreiros lendários” que invadiram seus domínios para erradica-lo efetivamente da face da terra. Até aí temos uma história clichê nos moldes da franquia Dragon Quest, com um destaque para a animação de batalha, que está acima de média de praticamente tudo que estreou até agora (enquanto escrevo esse post, ainda não saiu Attack on Titan). Vemos aqui Naoto pondo em prática sua experiência como animador e coordenando uma cena de ação de forma competente, como fez na luta Minene vs Murumuru em Mirai Nikki. Encurralados e em clara desvantagem, Maou (Ryota Ohsaka) e Alsiel (Yuuki Ono) escapam para o mundo dos humanos, com a promessa de retorno em um futuro próximo. E é aqui que a trama começa a se desenrolar.


-O aspecto mais gritante de Maou e Alsiel é o idioma totalmente nonsense com que se comunicam. As palavras parecem tão antinaturais e a pronúncia é tão forçada que isso acaba tingindo todas as suas falas com uma verborragia hilariante, e obviamente essa era a intenção. Eu nunca havia visto isso em anime antes, não sem ser levado a sério. Suas atitudes para com os humanos transmitem vergonha alheia com relativa eficácia, o que se faz notar na cena em que o policial os aborda e Alsiel faz uma pose extravagante no intuito de lançar um feitiço, mas acaba falhando miseravelmente, posto que o mundo humano é desprovido de magia. Porém Maou ainda conservou um bocado de mana, o que o possibilita extrair informações do policial e aprender japonês quase que instantaneamente.  

-Com o conhecimento adquirido, eles decidem começar uma vida nova como cidadãos japoneses, criam uma conta no banco, alugam uma casa (é muito hilária essa parte) e lá se estabelecem.  Até esse ponto, Hataraku tem uma premissa similar a Saint Young Men, mas enquanto SYM foca nos trejeitos dos personagens e como lidam com os costumes de uma cultura distinta tendo cuidado para manterem suas identidades em segredo, aqui há uma necessidade urgente de esforço e progresso por parte de Maou, que busca nesse reerguer-se como o rei demônio e conquistar os dois mundos. E o primeiro passo para tal? Trabalho de meio-período no McDonalds. 

-O que ele não poderia prever é que os malefícios da sociedade moderna o deixariam tão acomodado. Muitas vezes, o efeito da rotina e da estabilidade financeira podem castrar o ser humano de várias de suas ambições. É o que aconteceu com Maou, que se tornou tão humilde a ponto de ficar satisfeito com um aumento de 200 yenes no salário. Por outro lado, ele possui um bom talento administrativo e versatilidade no atendimento aos clientes que depõem a seu favor, o que amplia suas semelhanças com o personagem principal de Ao no Exorcist, Okumura Rin, despojado, facilmente adaptável, assertivo e organizado. Alsiel faz o papel de esposa, cuidando da casa, do Maou, sendo questionador e atentando às minucias e moralidades típicas de uma dona de casa. Essa disparidade entre os dois cria situações e diálogos interessantes, como aquele em que Alsiel surta em razão da baixa variedade de nutrientes oferecidos nas porcarias (Junk food) que Maou traz do trabalho.  


-Um certo dia, Maou empresta o guarda-chuva para uma garota no retorno para casa. O que ele não sabia é que essa garota era o mesmo herói de armadura que tentou mata-lo em Ente Isla. Confesso que eu também fiquei surpreso, é como se estivessem pegando Maoyu e invertendo os gêneros. De fato, eu até gosto da idéia de uma heroína espadachim sem aquelas armaduras ou roupas comprometedoras comuns em alguns gêneros narrativos, nas vertentes de Queen’s blade e Hyakka Hyoukan Samurai Girls. As heroínas em geral tem muito essa limitação de precisar apelar para a libido masculina de modo apelativo. De vez em quando é bom uma mudança de ares. Pena que o conceito não passou dos primeiros 5 minutos. Provavelmente veremos algumas cenas mais íntimas, visto que a perspectiva de um romance entre os dois já se faz presente na própria execução da narrativa.


-Basicamente é isso. Hataraku tem um ritmo bem pautado, personagens carismáticos, um bom timing cômico, várias possiblidades de desenvolvimento e uma atmosfera coloquial relaxante que consegue fluir com naturalidade. Das estreias que vi, essa foi a que mais me agradou até agora. Ansioso para o segundo